“Sheeko Sheeko,” diz o contador de histórias. Os alunos respondem: “Sheeko Xariir.”
E assim o professor começou a contar a história e os alunos ouviam, lembrando a maneira como as crianças somalis se reúnem em torno dos contadores de histórias há séculos, prontas para aprender.
A chamada e a resposta — “Sheeko” significa “história” e “Xariir” significa “Conta para a gente!” — deu início à Feira de Livros de Mogadíscio deste ano (MBF, na sigla em inglês) com uma referência às tradições culturais passadas e à busca por um futuro promissor.
Este foi o quarto ano da campanha somali de alfabetização e aprendizagem, apoiada pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid). Cerca de 2 mil pessoas por dia participaram do evento de três dias no distrito de Waberi, em Mogadíscio.

“O que chama a atenção na MBF é que seu público é jovem e faz parte de uma geração que nunca conheceu nada além de conflito”, diz Brian Neubert, ministro-conselheiro da Embaixada dos EUA em Mogadíscio. “O governo dos Estados Unidos apoia iniciativas lideradas pela Somália, como a MBF, lançadas por esta geração e para que ela se defina além do conflito — visando debater, colaborar e sustentar a nova narrativa e a identidade da Somália.”
Apenas 33% das crianças somalis de 6 a 13 anos estão matriculadas no ensino fundamental, drasticamente abaixo da média de 74% dos países de baixa renda na África Subsaariana. As oportunidades de educação tendem a estar disponíveis em áreas urbanas mais seguras, prejudicando assim os estudantes rurais e pobres, que ficam impedidos de ter acesso à educação. A alfabetização é fundamental para o desenvolvimento de habilidades que facilitam a obtenção empregos, mas também para criar um senso de identidade e propósito compartilhados somalis, vitais para a estabilidade da Somália.
“Com 3 milhões de crianças em idade escolar fora da escola, precisamos de um esforço coletivo e de compromisso para alcançar todas as crianças da Somália”, diz Brian Frantz, vice-diretor de missões da Usaid na Somália.
Contar histórias como vínculo comunitário

Na tenda de narrações de histórias da MBF, crianças somalis se sentam de pernas cruzadas, com expressões de espanto, enquanto o conto folclórico somaliano “Dawaco Iyo Yaxaas” (A raposa e o crocodilo) ganha vida com o bater dos tambores e das palmas.
As crianças ouvem falar de um crocodilo que empresta sua língua grande a uma raposa que se recusa a devolvê-la porque quer provar comidas deliciosas para sempre. O crocodilo aprende que boas ações nem sempre são recompensadas. Esse conto popular foi impresso no âmbito de um projeto educacional da Usaid anteriormente financiado para divulgação em salas de aula na Somália.
Uma versão mais longa deste artigo está disponível neste site com conteúdos oficiais da Usaid*.
* site em inglês