Quando o queniano-americano Jacob Maaga se mudou para os Estados Unidos, ele percebeu que chegou com uma qualidade única e valiosa: o conhecimento sobre sua terra natal que um dia poderá torná-lo um empreendedor bem-sucedido.

Veja bem, Maaga sabe muita coisa sobre o Quênia e seu novo lar, os Estados Unidos. Um fato primordial é que ele também entende de café.

Maaga começou a notar tendências importantes no comércio global de café. O mundo consome mais de 2,25 bilhões de xícaras por dia. Isto significa que os agricultores precisam vender muitos grãos de café, e as empresas de torrefação, por sua vez, precisam comprá-los. Como um agricultor pode ter acesso a compradores do mundo inteiro e saber se está obtendo um preço justo? E como os compradores encontram o produtor certo para obter os grãos de que precisam?

A partir deste ponto de vista único, Maaga propôs uma solução: ele fundou o Intercâmbio Pan-Africano* (Panex), que ajuda agricultores do leste da África e compradores dos EUA a trocar informações de que precisavam para negociar um preço acessível para grãos de café e outras commodities.

Maaga acredita que sua experiência fazendo parte de uma diáspora lhe atribuiu uma vantagem.

“Para mim, sendo do Quênia, é fácil conversar com agricultores locais no Quênia, na Uganda e na Etiópia e também conversar com homólogos dos EUA aqui porque eles não sabem com quem conversar. Talvez às vezes haja uma barreira linguística. Portanto, nós facilitamos a troca e tornamos o processo transparente de tal forma que todos podem ver os preços e obter as informações necessárias”, diz ele, acrescentando que o Panex também pode providenciar o transporte do café.

Com a demanda global por café prevista para aumentar 25% nos próximos cinco anos, grupos diáspora como o Panex podem ajudar a atender à necessidade de conectar produtores e compradores (© AP Images)

Como muitos que reconstruíram suas vidas em um novo país, Maaga entende como se comunicar e fazer negócios com pessoas de uma cultura diferente. E os relacionamentos que ele construiu ao longo do caminho — quer seja com produtores de café africanos ou membros da diáspora africana nos EUA que querem abrir uma cafeteria — são valiosos para ele, e para as pessoas que se conectam com a ajuda dele.

“Creio que uma das maiores coisas que estamos procurando criar é a transparência no comércio”, acrescenta Maaga. “Cada pessoa quer pagar um preço justo, e ninguém pode determinar isso além de um sistema de mercado aberto.”

Imigrantes como Maaga muitas vezes possuem um bem importante e às vezes negligenciado: as populações diáspora como a sua podem precisar se adaptar a suas novas comunidades, mas sabem muito sobre suas antigas. E esse conhecimento pode se transformar em oportunidade.

No final, empresários como Maaga fomentam as trocas comerciais enquanto criam confiança e fazem conexões pessoais ao redor do mundo construindo a rede original — de negócios — e social.