Acadêmico americano negligenciado em prisão iraniana

A paixão do estudante de pós-graduação da Universidade de Princeton Xiyue Wang por história e idiomas o levou a Teerã dois verões atrás para aprender persa e fazer pesquisa no Arquivo Nacional do Irã. Wang recebeu autorização do governo iraniano e foi admitido para estudar em um instituto de idiomas em Teerã.

No entanto, em agosto de 2016, autoridades prenderam Wang, o acusaram de espionagem e o enviaram para a prisão Evin, em Teerã. Os tribunais revolucionários proferiram uma sentença de 10 anos após um julgamento fechado.

Wang, 37, cidadão americano naturalizado nascido na China, é “completamente inocente”, disse o secretário de Estado, Mike Pompeo. A embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, exigiu que o Irã liberte o aspirante a acadêmico.

O Grupo de Trabalho da ONU sobre Detenção Arbitrária investigou o caso e determinou que “não havia base legal para a prisão e a detenção do sr. Wang”, que sua prisão era “arbitrária” e seu julgamento injusto. O grupo exigiu sua libertação imediata.

Wang é um dos vários americanos injustamente presos no Irã. Pompeo observou em declarações no início deste ano que “o Irã continua mantendo os americanos como reféns: Baquer Namazi, Siamak Namazi, Xiyue Wang e Bob Levinson, que está desaparecido há mais de 11 anos”. Os EUA lançaram um apelo ao Irã para que liberte imediatamente todos esses americanos a fim de que possam retornar às suas famílias.

Enquanto isso, em um apartamento para estudantes de pós-graduação em Princeton, a esposa desconsolada de Wang, Hua Qu, espera que Wang retorne para ela e seu filho de cinco anos em casa.

Ela e a universidade não declararam nada publicamente sobre a situação de Wang durante seu primeiro ano como prisioneiro, enquanto esperavam que os esforços diplomáticos resultassem em sua libertação. Mas, desde maio de 2017, Hua, 36 anos, advogada em Pequim antes de se mudar para Princeton há quatro anos, fez de tudo para conquistar a libertação de Wang.

Ela se manifestou em vigílias fora do Departamento de História no campus de Princeton e formou grupos de apoio no Facebook e outras mídias sociais. Ela fala com o marido por telefone, se preocupa com sua saúde e tenta não perder a esperança.

“Estou muito deprimida. Isso está entrando no terceiro ano”, disse Hua, cujo filho começou a frequentar a escola na semana passada.

Pessoas seguram velas em frente a um prédio (© Eduardo Munoz/Reuters)
Uma vigília para Xiyue Wang na Universidade de Princeton, em 15 de setembro de 2017 (© Eduardo Munoz/Reuters)

Wang é estudante de línguas e de História da Eurásia do final do século 19 e início do século 20, “não de Política do Irã de forma alguma”, disse Hua. Seu campo é Estudos Russos.

Os estudantes de doutorado devem obter proficiência em duas línguas estrangeiras, observou Hua, e Wang queria incluir persa entre elas.

Ele ficou surpreso quando o Instituto Dehkhoda Lexicon, em Teerã, aceitou seu pedido, disse ela. Seu orientador de dissertação, um professor de História da Rússia, o encorajou a ir, e o Departamento de História e o Centro para o Irã e os Estudos do Golfo Pérsico de Princeton financiaram seus estudos e pesquisas.

O Grupo de Trabalho da ONU disse que o Irã, em uma resposta oficial à sua investigação, não ofereceu nenhuma explicação sobre “como acessar arquivos históricos relacionados a um período de governança há mais de 100 anos poderia significar uma tentativa de derrubar o governo iraniano”.

O painel concluiu que a razão real para a sua detenção foi “que ele é cidadão americano”.

Por enquanto, Hua aguarda e se preocupa, ansiosa pelo dia em que seu filho possa ver seu pai novamente, quando Wang puder retomar sua bolsa de estudos e quando ela puder seguir seus sonhos profissionais nos EUA.