Abrir um negócio no meio de uma recessão agravada por uma pandemia pode ser uma proposta arriscada, mas muitos americanos estão aproveitando o momento para se tornar empreendedores.

Aspirantes a empresários se inscreveram para obter licenças visando abrir mais de 1,5 milhão de novos negócios nos Estados Unidos entre agosto e outubro, de acordo com estatísticas do Bureau do Censo dos EUA.

Alguns novos empreendedores abriram negócios depois de perder seus empregos em decorrência da pandemia. Outros identificaram oportunidades em um ambiente de negócios em mudança.

Joël Le Bon, professor da faculdade de Administração Carey, da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, afirma que a crise tem servido como um teste de estresse da resiliência da economia dos EUA. Em meio a dificuldades, têm surgido oportunidades, disse Le Bon, especialmente para empresas que fornecem serviços digitais — como nos setores de comércio eletrônico, telecomunicações, tecnologia da informação e telemedicina.

Enquanto isso, setores onde uma experiência física é fundamental estão tendo de se adaptar, disse Le Bon, citando ensino superior, transportes e academias de ginástica.

Dezenas de lojas de varejo entraram com pedido de proteção contra falência na primeira metade de 2020, um ritmo que excede em muito as falências no varejo durante todo o ano de 2019, de acordo com a Associated Press.

Pequenas empresas são a espinha dorsal da economia dos EUA, e o processo relativamente fácil de registrar um novo negócio — que leva, em média, quatro dias — adiciona incentivo para dar o salto.

Confira a seguir alguns dos vários empreendedores que recentemente abriram negócios durante a pandemia.

Pessoas em pé ao redor de vários balcões de uma pequena loja (Cortesia: Bath Sweet Shoppe)
Clientes comprando doces na loja Bath Sweet Shoppe (Cortesia: Bath Sweet Shoppe)

Jennifer DeChant assumiu a Bath Sweet Shoppe em Bath, Maine, em junho, logo depois que seu empregador anterior exigiu que ela se mudasse* para manter o emprego.

Administrar a confeitaria permite que Jennifer fique mais perto de casa e ofereça conforto para quem busca um pouco de normalidade.

“O chocolate é um mecanismo de enfrentamento”, disse Jennifer, que oferece pedidos on-line e de retirada na calçada, bem como compras na loja física. “Os clientes querem apoiar as pequenas empresas e todos se divertem em uma loja de doces.”

Olivia Hutchison e Brianna Goad, que são irmãs, abriram uma firma de web design e marketing — chamada Fetch: Branding & Marketing — em Johnson City, Tennessee, em junho, depois de ver como a pandemia exerceu pressão sobre empresários. Vindas de uma família com experiência em pequenos negócios, “decidimos tentar fazer nossa parte para ajudar o pequeno empresário” a ter sucesso, disse Olivia.

Duas moças sorridentes, de frente uma para a outra (© Erin Kennedy Photography)
Co-fundadoras da Fetch: Branding & Marketing Brianna Goad, à esquerda, e Olivia Hutchison (© Erin Kennedy Photography)

A empresa oferece soluções de web design e marketing para ajudar os clientes a “estabelecer e manter a presença on-line que merecem” sem estourar seus orçamentos, acrescentou Brianna.

Cody Warden e Tammy Nguyen, de San Diego, criaram seu viveiro de plantas, IvyMay & Co., em junho a fim de dar mais vida a interiores já que as pessoas têm passado mais tempo em casa.

“Construímos nosso negócio em torno da ideia de lockdown (bloqueio total) e quarentena”, disse Warden a uma agência de notícias local*.

Eles vendem plantas caseiras cultivadas em um galinheiro convertido e usam entrega sem contato físico para reduzir os riscos à saúde.

A pandemia “lançou uma sombra sobre os americanos”, comprometendo a saúde física e mental das pessoas, disse Warden. Mas as plantas domésticas são terapêuticas, disse Tammy: As plantas “fazem com que as casas pareçam mais vivas” e aumentam uma sensação de bem-estar.

* site em inglês