Ameríndios protegem o patrimônio e conectam visitantes à natureza em parques dos EUA

Ameríndio sentado na beira de um desfiladeiro tocando flauta (Acervo Histórico NPS/Thomas C. Gray)
(Acervo Histórico NPS/Thomas C. Gray)

Mesmo quando um monumento nacional recentemente proclamado abrange milhares de hectares de locais sagrados do patrimônio indígena americano, líderes tribais estão moldando o futuro das terras públicas e dos parques nacionais dos Estados Unidos.

Deb Haaland em terreno acidentado usando boné de beisebol e máscara (© Rick Bowmer/AP Images)
A secretária do Interior, Deb Haaland, no Monumento Nacional Orelhas de Ursos em 2021 (© Rick Bowmer/AP Images)

 

A secretária do Interior dos EUA, Deb Haaland, a primeira ameríndia a servir como secretária de Governo, administra o Serviço Nacional de Parques e o Bureau de Gestão de Terras, entre outros bureaus, que protegem as terras públicas e a infraestrutura de parques e monumentos dos Estados Unidos.

No final de 2021, Deb empossou Charles “Chuck” Sams III, o primeiro cidadão tribal a liderar o Serviço Nacional de Parques.

Sams — que é cayuse e walla walla, e membro inscrito das Tribos Confederadas da Reserva Indígena Umatilla — é um ativo incrível, diz Deb, porque entende a importância de conectar as pessoas à natureza e tornar os parques mais inclusivos.

“Tenho a honra de servir como diretor do Serviço Nacional de Parques e agradeço ao presidente Biden e à secretária Deb por confiar a mim o cuidado de um dos maiores presentes dos Estados Unidos: nosso Sistema Nacional de Parques”, disse Sams durante sua cerimônia de posse. Ele planeja iniciativas de resiliência climática e limpeza de poluição para os parques, bem como melhorias em suas vias de serviço, pontes, trilhas e sistemas de trânsito.

Veterano da Marinha dos EUA, Sams tem uma vasta experiência trabalhando em governos estaduais e tribais, bem como em recursos naturais e áreas de gestão sem fins lucrativos.

Betty Reid Soskin e Charles Sams posando para foto em uniforme de guarda florestal (NPS/Luther Bailey)
O diretor do Serviço Nacional de Parques, Charles Sams, posa com a pioneira afro-americana Betty Reid Soskin em abril. Betty estava se aposentando, aos 100 anos, como guarda florestal ativa mais antiga (NPS/Luther Bailey)

Protegendo paisagens culturais

Enquanto o Congresso designa parques nacionais, o presidente estabelece monumentos nacionais por proclamação. Os monumentos nacionais são protegidos porque possuem importantes atributos históricos, culturais ou científicos.

O então presidente Barack Obama, em 28 de dezembro de 2016, proclamou os mais de 550 mil hectares de desfiladeiros de rocha vermelha, mesas de zimbro e colinas inspiradoras no coração do condado de San Juan, em Utah, como o Monumento Nacional Orelhas de Ursos. A área abrange locais cerimoniais sagrados usados por membros de tribos ameríndias, bem como locais recreativos apreciados por caminhantes, alpinistas e praticantes de rafting.

A Casa Branca descreve o Orelhas de Ursos* como “uma das paisagens culturais mais extraordinárias dos Estados Unidos”. O local é agraciado por antigas habitações de falésias arqueologicamente significativas, grandes aldeias e degraus pré-históricos cortados em falésias; um sistema rodoviário pré-histórico que ligava o povo do Orelhas de Ursos entre si e possivelmente com outros além da área; e pictogramas, arte rupestre e escritos rupestres.

Ruínas de celeiros construídos no fundo de uma enorme rocha de arenito com marcas que lembram chamas (© Rick Bowmer/AP Images)
As ruínas da “Casa em Chamas” no desfiladeiro Mule fazem parte do Monumento Nacional Orelhas de Ursos (© Rick Bowmer/AP Images)

Este ano, a Comissão Cinco Tribos do Orelhas de Ursos, o Departamento de Agricultura dos EUA e o Bureau de Gestão de Terras do Departamento do Interior dos EUA formalizaram uma parceria para gerenciar o Orelhas de Ursos. O acordo garante que as decisões sejam guiadas por nações tribais da região e se beneficiem da experiência e do conhecimento histórico dessas nações.

A diretora do Bureau de Gestão de Terras, Tracy Stone-Manning, vê a gestão colaborativa como um passo importante. “Esse tipo de verdadeira cogestão servirá de modelo para nosso trabalho de honrar a relação entre nações no futuro”, disse ela.

Sams disse a repórteres da Radiodifusão Pública de Oregon que, por sua vez, o Serviço de Parques continuará a incluir o conhecimento indígena nos planos de gestão. E, afirmou: “Estamos muito empolgados por poder receber os investimentos do povo americano (…) para que possamos garantir que os parques estejam aqui pelas próximas sete gerações*”.

* site em inglês