Amizade entre EUA e Polônia é refletida em um acervo digitalizado raro

O que se iniciou como um presente que reflete a amizade entre a Polônia e os Estados Unidos há mais de 90 anos é agora um presente para pesquisadores e genealogistas em todo o mundo.

Para assinalar o sesquicentenário da Independência dos Estados Unidos, o governo polonês em conjunto com grupos da sociedade civil e líderes empresariais juntaram forças em 1926 e decidiram presentear os Estados Unidos com um presente extraordinário: uma declaração de amizade, gratidão e consideração assinada por 5,5 milhões de admiradores poloneses.

Folha de rosto de livro (Biblioteca do Congresso)
Folha de rosto do primeiro volume que faz parte dos 111 volumes contendo assinaturas, obras de arte originais, carimbos oficiais, fotografias, além de caligrafia e encadernações altamente decorativas (Biblioteca do Congresso)

“Nobre americanos, seu feriado nacional não é somente para vocês”, afirma a Declaração da Polônia. “O feriado encontra uma reverberação calorosa em todo o mundo, especialmente em nossa pátria, a Polônia.”

Homem aponta para documento em uma tela (Depto. de Estado/D.A. Peterson)
Grazyna Zebrowska (à esquerda), da Embaixada da Polônia, discute o novo documento digitalizado com uma pessoa visitando a embaixada em Washington (Depto. de Estado/D.A. Peterson)

Hoje, essas assinaturas — firmadas por cerca de um sexto de toda a população polonesa à época — são digitalizadas e disponíveis on-line* graças à Biblioteca do Congresso, com a ajuda da Embaixada da República da Polônia e da Biblioteca Polonesa em Washington.

Ilustração de Kazimierz Dolny (Biblioteca do Congresso)
Uma das muitas páginas contendo ilustrações no volume, esta é de autoria de Wladyslaw Skoczylas. Apresenta uma imagem de Kazimierz Dolny, na província de Lublin (Biblioteca do Congresso)

O Emblema da Boa Vontade, disponível on-line, também enumera as cidades natais desses cidadãos poloneses e suas escolas, e contém obras de arte, fotografias e carimbos oficiais da Polônia.

As informações são uma dádiva para genealogistas, acadêmicos e pesquisadores de todo o mundo, especialmente aqueles interessados no período anterior à Segunda Guerra Mundial na Polônia.

Grazyna Zebrowska, presidente da Biblioteca Polonesa em Washington, afirma: “Em alguns casos, as assinaturas encontradas na Declaração Polonesa podem ser o único lembrete tangível de que uma pessoa viveu.”

Mais de 6 milhões de cidadãos poloneses foram mortos durante a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto.

Durante a guerra, também foram destruídos tesouros históricos, arquivos, manuscritos e museus poloneses.

Grazyna também disse que espera inspirar os acadêmicos ao tornar o documento disponível on-line “a fim de recuperar sua história perdida e levar à memória coletiva não apenas a tragédia da Segunda Guerra Mundial, mas o otimismo dos anos anteriores”.

Página com assinaturas e selos (Biblioteca do Congresso)
Página com assinaturas e carimbos de autoridades da região antigamente conhecida como Bialystok( Biblioteca do Congresso)

Longa história de amizade

Em 4 de julho de 1926, os poloneses não tiveram nenhuma dificuldade para comemorar a Independência dos Estados Unidos. Apenas oito anos antes, no final da Primeira Guerra Mundial, o presidente americano Woodrow Wilson revelou seu plano contendo 14 itens visando a paz mundial, com a inclusão da independência da Polônia.

“A Polônia e os Estados Unidos estão unidos através de uma amizade e uma aliança inquebráveis”, disse Grazyna, “e documentos, como a Declaração Polonesa, servem para nos lembrar que a amizade que temos hoje em dia possui longas raízes baseadas na admiração mútua”.

Encadernação de linho em livro polonês (Biblioteca do Congresso)
Encadernação de linho desenhada por Wojciech Jastrzebowski e Bonawentura Lenart (Biblioteca do Congresso)

Aliados vitais hoje em dia

A aliança entre os EUA e a Polônia permanece forte, como comprovado pelos milhares de soldados que os Estados Unidos posicionaram na Polônia no início deste ano como parte de um exercício militar da Otan.

Além disso, o presidente Trump viajará à Polônia, antecedendo a reunião que será realizada nos dias 7 e 8 de julho em Hamburgo, Alemanha, entre as 20 maiores economias do mundo.

A visita à Polônia “reafirmará o compromisso inabalável que os Estados Unidos possuem com um dos nossos aliados europeus mais próximos e enfatizará a prioridade do governo em fortalecer a defesa coletiva da Otan”, informou a Casa Branca através de uma declaração*.

Recentemente, a Polônia recebeu dos Estados Unidos um suprimento de gás natural liquefeito, a primeira remessa desse tipo à Europa Central, a fim de reforçar a segurança energética na região.

* site em inglês