Ke Huy Quan fugiu do Vietnã do Sul em 1979 e chegou aos Estados Unidos como refugiado. Décadas depois, após uma carreira que o levou de estrela de Hollywood a estudante de Cinema e, posteriormente, de volta ao estrelato, Quan ganhou a maior honraria da indústria cinematográfica.
“Minha jornada começou em um barco. Passei um ano em um campo de refugiados”, disse Quan, aceitando o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante em 12 de março por seu papel em “Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo”. “E de alguma forma acabei aqui no maior palco de Hollywood.”
Quan fugiu do Vietnã do Sul com sua família. Ele viajou para Hong Kong com seu pai enquanto sua mãe e irmãos foram para a Malásia. A família se reencontrou nos Estados Unidos.

Aos 12 anos, Quan ganhou um papel importante em “Indiana Jones e o templo da perdição”, blockbuster de 1984, depois de acompanhar seu irmão em uma audição. Trinta e nove anos depois, Harrison Ford apresentou o Oscar a seu ex-colega de elenco.
Nesse ínterim, Quan, agora com 51 anos, recebeu um diploma universitário em Cinema* e trabalhou como coordenador de dublês e assistente de direção.
Na aventura de ficção científica “Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo”, Quan interpreta o marido e pai de uma família de imigrantes sino-americanos que atravessa universos paralelos enquanto salva o mundo. O filme ganhou o Oscar de Melhor Filme.
O retrato do filme de uma família imigrante lidando com a dinâmica familiar e o estresse do trabalho ressoou entre os sino-americanos, muitos dos quais veem o sucesso do filme e de seus atores como um sinal de que podem realizar qualquer coisa*.

Quan é o primeiro vietnamita americano a ganhar um Oscar por atuação, e a coprotagonista do filme, Michelle Yeoh, é a primeira asiática a ganhar o Oscar de Melhor Atriz.
Michelle, originalmente da Malásia, começou a atuar depois que uma lesão atrapalhou sua formação em Balé* na Real Academia de Dança, em Londres. Apesar de não ter treinamento formal em artes marciais, ela se destacou em cenas de luta coreografadas. Ela conseguiu papéis em Hong Kong, realizando suas próprias acrobacias e contracenando com os heróis das artes marciais Jackie Chan e Jet Li.
Na década de 1990, Michelle foi para Hollywood e interpretou papéis no filme de James Bond, “O amanhã nunca morre”, e em “O tigre e o dragão”, de Ang Lee. “Para todos os meninos e meninas que se parecem comigo assistindo esta noite, este é um farol de esperança e possibilidades”, disse Michelle, aceitando seu Oscar.
Como disse Quan: “Dizem que histórias como essa só acontecem nos filmes. Eu não posso acreditar que isso está acontecendo comigo. Este, este é o sonho americano!”
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