A experimentação dos artistas coreanos e sua influência na cultura asiática estão em exibição na nova exposição chamada “Artes da Coreia” no Museu do Brooklyn, que traça a evolução das tradições artísticas coreanas em um período superior a 1.800 anos.
Os 80 objetos exibidos mostram “um domínio precoce da tecnologia da cerâmica (…) e um domínio sofisticado da ourivesaria”, de acordo com a curadora Joan Cummins. Ela destaca várias peças que demonstram o uso pioneiro de novos materiais pelos artistas coreanos: uma série de contas de vidro feitas “quando a tecnologia de vidro era bastante nova no Leste Asiático” e um grande conjunto de cerâmicas feitas com faiança.
“A Coreia foi uma inovadora no desenvolvimento da faiança”, disse Joan. Dentre os exemplos estão os designs feitos com faiança do período dos Três Reinos (57 a.E.C – 668 E.C.) e os “céladons semelhantes a joias”, ou cerâmicas vidradas em verde da era Goryeo (918 E.C. – 1392 E.C.)

No museu, Joan destaca o “jarro de céladon cuja qualidade faz dele uma obra-prima, com sua cor perfeita e escultura impecável”, que merece um elogio especial. Criado no formato de um botão de flor de lótus, o jarro do período Goryeo é amplamente considerado como a primeira cerâmica coreana no Hemisfério Ocidental.
A exposição também apresenta muitos objetos do longo reinado da Dinastia Joseon (1392 E.C. – 1897 E.C.) da Coreia. Uma peça de destaque dessa era é um quimono de noiva do século 19, bordado com motivos florais e ilustrações de pássaros.

“Artes da Coreia” também revela como o fluxo de pessoas e mercadorias ajudou a moldar a cultura material na Ásia, e em outros continentes. Durante a maior parte de sua história, a península coreana mantinha contato com seus vizinhos. Portanto, “a arte coreana influenciou as artes da China e do Japão, e também foi influenciada por elas”, disse Joan.
As inovações tecnológicas da China no fabrico de bronze e porcelana foram adotadas por artistas coreanos e japoneses. Os artistas chineses admiravam “a cor azul esverdeada celestial alcançada em verniz de céladon coreano”, declarou Joan. “A Coreia parece ter introduzido tanto a faiança como a porcelana no Japão.”
Um par de brincos de ouro elaborados do período dos Três Reinos é um excelente exemplo do trabalho em metal da Coreia. Os brincos também são o resultado de um intercâmbio internacional de ideias — testemunho da natureza cosmopolita dos primórdios da sociedade coreana.

Remontando ao reino Silla da Coreia (século VI E.C.), os brincos “são decorados com bolinhas de ouro, [usando] um método denominado granulação”, disse Joan. “A granulação do ouro se originou no antigo Oriente Médio e no antigo Mediterrâneo. Em seguida, o método viajou para o leste por meio das Rotas da Seda através do continente asiático.”
Por intermédio da exposição, o museu espera destacar o passado de refinamento da Coreia, informou Joan.
E acrescentou: “Também esperamos que, ao dedicar uma extensa e bonita galeria a fim de exibir os diversos objetos coreanos, possamos ajudar a distinguir as contribuições artísticas da Coreia daquelas de seus vizinhos.” E afirmou: “Por muito tempo, a arte coreana foi tratada como uma variante ou algo secundário em relação às artes da China e do Japão, quando, na verdade, é tanto diversa como excepcional.”