
Como muitos estudantes internacionais em faculdades e universidades americanas, Ahd Kamel foi para os Estados Unidos com um objetivo profissional em mente: se tornar advogada.
Hoje, no entanto, Ahd, natural de Jedá, na Arábia Saudita, possui dupla cidadania, saudita e americana, e vai atuar como protagonista na minissérie “Collateral”, produção conjunta entre a Netflix e a BBC. Uma outra estrela do thriller é Carey Mulligan, atriz britânica já indicada ao Oscar. Para Ahd, esta é a primeira vez que atua em inglês.
Ahd se junta a um grupo de atrizes estrangeiras de lugares tão distantes quanto a Índia, o Irã e o México, todas com carreiras bem-sucedidas na tevê ou no cinema americanos.
Quando ainda tinha 17 anos de idade e era estudante de graduação, Ahd percebeu que o que a atraía eram os dramas nos tribunais que assistia na televisão, e não a prática do Direito.
“Eu queria ser advogada porque ser atriz não era uma opção para mim durante minha infância e adolescência”, recorda-se Ahd, que durante seus estudos universitários se transferiu da Universidade de Colúmbia para a Escola de Design Parsons, instituição de arte com muito prestígio em Nova York. Depois de se formar, ela se tornou a primeira pessoa de seu país a obter um diploma em cinema na Academia de Filmes de Nova York. Em seguida, ela “foi picada pelo vírus do cinema”.
Ahd acabou desfrutando de sucesso internacional em filmes como roteirista, diretora e atriz em produções filmadas em árabe.
Rompendo barreiras
Os curtas-metragens de Ahd, incluindo “Sanctity” — sobre uma viúva saudita grávida que rompe barreiras — recebeu elogios em festivais ao redor do mundo. Ahd também atuou no aclamado “Wadjda”, de Haifaa Al Mansour, o primeiro longa-metragem filmado na Arábia Saudita, sobre a determinação de uma jovem corajosa para comprar uma bicicleta.
Em 2016, durante entrevista ao site IndieWire*, dedicado à indústria cinematográfica independente, Ahd disse que sua carreira é prova de que está acontecendo uma mudança, e que não é a única. Queremos contar histórias, nossas histórias completas. (…) As mulheres da região não são vítimas; elas são fortes e capazes.”
“Para mim, fazer filmes é um processo espiritual”, acrescentou Ahd, que espera completar um filme que escreveu sobre a chegada da maturidade, “My Driver and I”, sobre a influência do motorista da família em sua vida.

Outra atriz que merece destaque
Lupita Nyong’o, nascida no México, de pais quenianos e criada no Quênia, é outra atriz que inicialmente foi para os Estados Unidos como estudante internacional (Faculdade de Hampshire e Escola de Teatro de Yale). Lupita ganhou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em 2014 pelo filme “12 Anos de Escravidão”.
Em 2004, a atriz iraniana-americana Shohreh Aghdashloo, natural de Teerã, se tornou a primeira mulher do Oriente Médio a ser indicada a um Oscar por seu papel de atriz coadjuvante no filme “Casa de Areia e Névoa”. Ela ganhou um prêmio Emmy no papel da esposa de Saddam Hussein na minissérie produzida pela HBO e pela BBC chamada “House of Saddam”.
Uma outra pioneira é Priyanka Chopra, natural da índia. A estrela de cinema de Bollywood e ex-Miss Mundo, protagoniza o drama televisivo “Quantico” da rede de tevê CBS, no papel de uma estagiária do FBI. Priyanka fez sua estreia em Hollywood como vilã no filme “Baywatch: S.O.S. Malibu”.
* site em inglês