Uma geração de inovadores cegos dos Estados Unidos começou sua jornada rumo ao sucesso a partir de uma “caverna”.
Embora a Universidade da Califórnia em Berkeley (UC Berkeley) chamasse o local de centro de estudos para alunos cegos, aqueles que usavam o espaço localizado no porão da Biblioteca Moffitt o chamavam de The Cave* (A caverna).
Com a combinação de espaço apertado, móveis antigos e cheiro de café e livros, o centro mereceu o apelido.

“É onde os ‘morcegos’ se encontravam”, disse Joshua Miele, um dos vários estudantes que estudavam no local no final dos anos 1980, à Stat, empresa de mídia produzida pela Boston Globe Media, organização de multimídia.
Para Miele, que se especializou em Física, sua jornada de inovações começou nesse local. O The Cave proporcionou um senso de comunidade e valor para Miele e outros estudantes cegos antes de a Lei dos Americanos com Deficiência proibir a discriminação em locais públicos.
A tecnologia estimulou a criatividade
Estudantes tinham cópias das chaves do Centro para que pudessem estudar a qualquer hora enquanto exploravam novas ideias. A atração principal: uma ampla gama de tecnologias especiais não facilmente encontradas em outros lugares.
Os estudantes cegos podiam digitar termos de pesquisa em um terminal de computador falante que então leria em voz alta conteúdos de livros, artigos e outros materiais dos catálogos e dos bancos de dados da biblioteca. Isso foi tudo anos antes do fácil acesso à internet.
Miele e Marc Sutton, outro ex-aluno da The Cave, posteriormente trabalharam juntos no leitor de tela outSPOKEN, da empresa de software Berkeley Systems.
Hoje, Miele desenvolve dispositivos para uso de cegos e deficientes visuais, como mapas de ruas táteis. Ele ganhou uma bolsa da Fundação MacArthur em 2021, muitas vezes chamada de bolsas para gênios, por seu trabalho como designer de tecnologia.
Sutton trabalha na Apple Inc. identificando bugs de software e projetando soluções que permitem que pessoas cegas usem smartphones e computadores.

Tanto Miele quanto Sutton estão entre os inovadores* e agentes de mudança que estudaram na The Cave. Dentre outros estão:
- Bryan Bashin, executivo-chefe da LightHouse para Cegos e Deficientes Visuais de São Francisco e membro da Comissão AbilityOne dos EUA, que trabalha com empreiteiros federais visando empregar pessoas cegas ou com outras deficiências.
- Lori Gray, gerente de Programas do Programa de Expansão e Recreação da Área da Baía de São Francisco (Borp) em Berkeley, que oferece atividades recreativas a pessoas com deficiência.
- Thomas Foley, diretor-executivo do Instituto Nacional para Pessoas com Deficiência em Washington, que promove empregos integrados competitivos e ajuda as pessoas com deficiência a alcançar segurança financeira.
- Fatemeh Haghighi, professora de Neurociência na Faculdade de Medicina Icahn no Monte Sinai em Nova York.
Miele disse que foi durante sua permanência na UC Berkeley que começou a entender “que fazia parte de uma comunidade enorme e muito legal* de pessoas com história, contexto cultural e riqueza de identidades” e que se considerava “profundamente conectado com a rica comunidade de pessoas com deficiência de Berkeley”.
* site em inglês