Os Estados Unidos e o Canadá estão celebrando um marco na conservação da vida selvagem: um século de proteção de aves migratórias.

“É difícil imaginar o continente norte-americano sem garças, patos, falcões ou aves canoras, mas na virada do século 20 essa era a tendência”, disse Dan Ashe*, diretor do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA.

O Tratado de Aves Migratórias* de 1916 protege 800 espécies de pássaros. Esse foi o primeiro acordo internacional voltado para a proteção de aves selvagens e um dos primeiros voltados para a proteção de qualquer espécie de vida selvagem.

O tratado foi criado depois que pássaros como o pombo-passageiro e o pato-do-labrador foram extintos devido ao excesso de caça predatória. Como se não bastasse, as populações de garça-branca-pequena, íbis-branco-americano e garça-azul-grande encolheram porque as penas dessas espécies estavam sendo usadas para decorar chapéus femininos.

Um crescente movimento de conservação, iniciado em grande parte por mulheres*, tomou o mercado de chapelaria da América do Norte, fazendo com que a matança de aves causada por obsessão fashion ficasse fora de moda. A Sociedade Nacional de Audubon** surgiu a partir desse movimento.

Ave branca abre as asas na água (Shutterstock)
A garça-branca-pequena quase desapareceu porque os caçadores comercializavam suas penas (Shutterstock)

Compre um selo, salve uma ave

O próximo grande passo na proteção de aves migratórias nos EUA teve como foco a preservação de pântanos, hábitat de muitos desses animais. A Lei do Selo de Conservação e Caça de Aves Migratórias* de 1934 é popularmente conhecida como Lei do Selo do Pato, mas não envolve selos para correspondência ou envio de pacotes.

Em vez disso, todos os caçadores de aves migratórias dos EUA com 16 anos de idade ou mais devem comprar e portar um “selo” anual de impostos, conhecido como Selo Federal do Pato, que é colado em suas licenças de caça.

A venda desses selos gerou mais de US$ 800 milhões desde 1934, resultando na compra ou aluguel de cerca de 2,5 milhões de hectares de pântanos nos EUA. Os selos, que inicialmente custavam US$ 1 e hoje saem por US$ 25, também fazem sucesso com colecionadores.

Aves em quatro selos federais (Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA)
Todos os anos, o Serviço de Pesca e Vida Selvagem promove um concurso nacional nos EUA para selecionar o desenho vencedor do Selo do Pato (USFWS)

A cooperação internacional no Tratado de Aves Migratórias e nos acordos subsequentes* — tratados parecidos surgiram no México (1936), no Japão (1972) e na Rússia (1976) — acabou com a caça não regulamentada em diversas regiões.

Mas, atualmente, a perda de seus hábitats, a poluição, as espécies invasivas e outras ameaças vêm prejudicando as populações de pássaros.

Aves migratórias não reconhecem fronteiras nacionais; então, é necessário que governos e cidadãos de todo o mundo lutem pela conservação das espécies.

Passarinho de tons castanhos em um galho (Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA
O âmpelis americano é um dos mais de 800 tipos de pássaros protegidos pelo Tratado de Aves Migratórias (USFWS)

Comece a agir

Aqui estão algumas medidas que você pode tomar* para proteger as aves:

Evite que os pássaros batam nas janelas. Confira a variedade de produtos eficientes* e disponíveis no mercado para deixar os vidros mais visíveis para pássaros.

Cultive plantas nativas. Jardins com plantas nativas de sua região vão preservar e aumentar a biodiversidade, além de oferecer um hábitat para aves* e outros animais.

Evite pesticidas químicos, que matam mais do que apenas pragas.

Seja um cientista-cidadão. Várias parcerias* entre o público e cientistas conectam observadores de pássaros voluntários e cientistas, incluindo um projeto do Laboratório de Ornitologia da Universidade de Cornell chamado eBird, que é hoje um dos acervos on-line de informações sobre pássaros que mais crescem no mundo.

* site em inglês
** site em inglês e espanhol