
Daniela Peralvo estava trabalhando como desenvolvedora de negócios para uma empresa no Equador há quase uma década, quando teve um momento revelador que a inspirou a ter o seu próprio negócio.
A empresa em que trabalhava obteve enormes lucros com a venda de solo e máquinas para plantio a agricultores, mas Daniela, 38, diz: “Eu estava decepcionada com o status quo”. Ela pediu demissão e prometeu abrir uma empresa que ajudasse as pessoas em vez de se concentrar apenas em dinheiro.
Há seis anos, Daniela e sua sócia de negócios, Michelle Arevalo-Carpenter, abriram a Impaqto* em Quito, Equador. A empresa oferece espaços acessíveis para coworking (modelo de trabalho que se baseia no compartilhamento de espaço e recursos de escritório, reunindo pessoas que trabalham não necessariamente para a mesma empresa ou na mesma área de atuação), networking e aconselhamento corporativo, além de programas de aceleração de negócios desenvolvidos pela Google. E conecta empresários latino-americanos a mentores.
Daniela diz que ela e sua sócia estão cultivando um centro para que inovadores, freelancers e empreendedores de start-ups compartilhem informações e inspirem uns aos outros, evitando a solidão que às vezes acompanha o trabalho por conta própria.
“Esse é o maior problema que tentamos resolver”, diz Daniela, acrescentando que cerca de 650 pessoas por mês usam os quatro espaços para coworking da Impaqto em Quito. “Os espaços para coworking têm sido uma grande oportunidade de se conectar e ter um lugar para todos esses agentes de mudança trabalharem e colaborarem [entre si].”
Desafios do Equador
A Impaqto atrai pessoas e empresas que focam em alguns dos maiores desafios sociais e ambientais do Equador.
Uma das start-ups do programa de aceleradores da empresa, Yakupura*, criou filtros de água que fez com que o uso de garrafas plásticas caísse em torno de 30 mil em apenas dois meses.
Outro cliente, a Amati Foods*, produz uma bebida sem lactose e sem glúten, feita com frutas equatorianas e amaranto, um grão ancestral andino. A empresa, que segue os regulamentos do comércio justo, ajuda a apoiar as comunidades indígenas no norte do Equador comprando produtos agrícolas delas.
A Novulis**, empresa que integra o programa acelerador, opera clínicas dentárias móveis em áreas rurais e próximas a regiões urbanas em todo o país, dando aos residentes pobres acesso a assistência médica de baixo custo.
Daniela estima que a Impaqto trabalha com quase 200 start-ups de Chile, Guatemala, Peru, Colômbia, Bolívia e Paraguai, ajudando-as a garantir investimentos e adquirir conhecimentos e capacidades para desenvolver seus negócios.
Quatro anos após o lançamento da Impaqto, o Departamento de Estado dos EUA enviou Daniela ao Programa de Visitantes de Lideranças Internacionais***. O programa de três semanas usa intercâmbios de curto prazo para conectar líderes estrangeiros atuais e emergentes a seus homólogos americanos.
“Foi interessante ver como as start-ups, os empreendedores, os mentores e os investidores (…) se conheciam e estavam trabalhando na comunidade visando melhorar o funcionamento do ecossistema empreendedor”, diz Daniela sobre o tempo em que passou nos Estados Unidos.
Daniela e sua sócia pretendem expandir sua empresa para a terceira maior cidade do Equador, Cuenca, este ano. Elas imaginam o futuro da Impaqto em cidades latino-americanas emergentes menores na Colômbia e na Bolívia, em vez de em grandes centros urbanos.
“Vemos que essas megacidades e capitais estão tendo muitos problemas com trânsito, segurança, poluição e qualidade de vida real”, diz Daniela. “Nessas cidades emergentes, vemos uma série de empresas familiares e também muitos jovens talentos.”
Este artigo foi escrito pela redatora freelance Lenore T. Adkins.
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