Lhamjab Borjigin publicou um livro documentando atrocidades da China contra seu povo. Agora está preso.
Lhamjab é da Mongólia Interior, parte da China que faz fronteira com a nação independente da Mongólia. Seu livro inclui uma coletânea de testemunhos comoventes de mongóis étnicos que sobreviveram à campanha de opressão apoiada pelo Partido Comunista Chinês durante a Revolução Cultural.
Mr. Lhamjab A. Borjigin, a 74-year-old Mongolian historian and writer, has been placed under house arrest with charges of "national separatism" and "sabotaging national unity." https://t.co/mrkeGuLzX9 pic.twitter.com/WSO7mbkxB8
— PEN America (@PENamerican) July 24, 2018
PEN America: Mr. Lhamjab A. Borjigin, historiador e escritor mongol de 74 anos de idade, foi preso com acusações de “separatismo nacional” e “sabotagem à unidade nacional”. bit.ly/2JQTw1p @PENamerican
O livro de Lhamjab acusa o governo chinês de realizar uma campanha organizada de genocídio e tortura. Autoridades chinesas fizeram as seguintes acusações contra Lhamjab:
- “Separatismo nacional”
- “Sabotagem à unidade nacional”
- “Publicação e distribuição ilegais”
A China realizou seu julgamento em segredo.
Lhamjab detalhou as acusações para uma organização que defende os direitos da Mongólia*.
“Eu me defendi perguntando se aqueles que cometeram o genocídio no sul da Mongólia ou aqueles que falam sobre esse genocídio deveriam ser considerados ‘sabotadores da unidade nacional’”, disse Lhamjab.
Tensões crescentes na Mongólia Interior
Lhamjab é um dos vários autores étnicos mongóis que foram presos recentemente** na Mongólia Interior. As tensões na região aumentaram à medida que as empresas mineradoras e florestais apoiadas pelo Estado entraram em conflito com os pastores locais sobre os direitos à terra, informa a Rádio Ásia Livre.

Os mongóis que vivem no exterior acusam o governo chinês de “violações dos direitos humanos, discriminação sistemática e institucionalizada contra os mongóis étnicos dentro das fronteiras da China, bem como políticas de longo prazo destinadas a acabar com seu estilo de vida tradicional e nômade”, segundo a Rádio Ásia Livre.
A acusação é paralela à situação em Xinjiang, onde Pequim promove o nacionalismo chinês e sistematicamente reprime as identidades étnicas, a cultura e as práticas religiosas dos uigures, cazaques e quirguizes, e outros muçulmanos.
“As ações do governo chinês visam garantir que povos étnicos e religiosos distintos sejam controlados de forma brutal e vigorosa”, disse Sam Brownback, embaixador dos EUA para Liberdade Religiosa Internacional, em uma conferência em 6 de junho sobre a opressão da China contra minorias étnicas e religiosas.
Quanto a Lhamjab, a organização de literatura e direitos humanos PEN America chama sua prisão de “um ataque contínuo à liberdade de expressão e à investigação histórica no sul da Mongólia”.
“Nós, mongóis, não temos nenhum direito humano básico ou liberdades fundamentais, muito menos autonomia política”, concluiu Lhamjab.
* site em inglês
** site em inglês e outros nove idiomas