Lhamjab Borjigin publicou um livro documentando atrocidades da China contra seu povo. Agora está preso.

Lhamjab é da Mongólia Interior, parte da China que faz fronteira com a nação independente da Mongólia. Seu livro inclui uma coletânea de testemunhos comoventes de mongóis étnicos que sobreviveram à campanha de opressão apoiada pelo Partido Comunista Chinês durante a Revolução Cultural.

PEN America: Mr. Lhamjab A. Borjigin, historiador e escritor mongol de 74 anos de idade, foi preso com acusações de “separatismo nacional” e “sabotagem à unidade nacional”. bit.ly/2JQTw1p  @PENamerican

O livro de Lhamjab acusa o governo chinês de realizar uma campanha organizada de genocídio e tortura. Autoridades chinesas fizeram as seguintes acusações contra Lhamjab:

  • Separatismo nacional
  • Sabotagem à unidade nacional
  • Publicação e distribuição ilegais

A China realizou seu julgamento em segredo.

Lhamjab detalhou as acusações para uma organização que defende os direitos da Mongólia*.

“Eu me defendi perguntando se aqueles que cometeram o genocídio no sul da Mongólia ou aqueles que falam sobre esse genocídio deveriam ser considerados ‘sabotadores da unidade nacional’”, disse Lhamjab.

Tensões crescentes na Mongólia Interior

Lhamjab é um dos vários autores étnicos mongóis que foram presos recentemente** na Mongólia Interior. As tensões na região aumentaram à medida que as empresas mineradoras e florestais apoiadas pelo Estado entraram em conflito com os pastores locais sobre os direitos à terra, informa a Rádio Ásia Livre.

Pastor em pé em campo com ovelhas e usina de carvão ao fundo (© Ryan Pyle/Corbis/Getty Images)
Um pastor perto de uma usina de carvão em Baotou, na Mongólia Interior, onde os modos de vida industrial e pastoril costumam entrar em conflito (© Ryan Pyle/Corbis/Getty Images)

Os mongóis que vivem no exterior acusam o governo chinês de “violações dos direitos humanos, discriminação sistemática e institucionalizada contra os mongóis étnicos dentro das fronteiras da China, bem como políticas de longo prazo destinadas a acabar com seu estilo de vida tradicional e nômade”, segundo a Rádio Ásia Livre.

A acusação é paralela à situação em Xinjiang, onde Pequim promove o nacionalismo chinês e sistematicamente reprime as identidades étnicas, a cultura e as práticas religiosas dos uigures, cazaques e quirguizes, e outros muçulmanos.

“As ações do governo chinês visam garantir que povos étnicos e religiosos distintos sejam controlados de forma brutal e vigorosa”, disse Sam Brownback, embaixador dos EUA para Liberdade Religiosa Internacional, em uma conferência em 6 de junho sobre a opressão da China contra minorias étnicas e religiosas.

Quanto a Lhamjab, a organização de literatura e direitos humanos PEN America chama sua prisão de “um ataque contínuo à liberdade de expressão e à investigação histórica no sul da Mongólia”.

“Nós, mongóis, não temos nenhum direito humano básico ou liberdades fundamentais, muito menos autonomia política”, concluiu Lhamjab.

* site em inglês
** site em inglês e outros nove idiomas