O esforço contínuo de décadas da Cidade do México para combater a poluição do ar oferece às cidades do mundo todo estratégias eficazes para melhorar a qualidade do ar.
Desde a década de 1990, o governo mexicano adota uma abordagem abrangente chamada ProAire*, compreendendo programas sucessivos que reduziram o dióxido de carbono e outros poluentes de maneira significativa. Os esforços da Cidade do México lhe renderam o prêmio de qualidade do ar 2013 do Grupo C40 de Liderança Climática das Cidades*. O grupo é uma rede internacional de 75 megacidades que enfrentam problemas ambientais semelhantes e colaboram em soluções.
As emissões de gases de efeito estufa dos automóveis e da indústria — monóxido de carbono, dióxido de enxofre, óxidos de nitrogênio, ozônio — são as principais fontes de poluição do ar na Cidade do México, junto com partículas microscópicas. Essas partículas líquidas e sólidas provenientes de emissões veiculares e industriais, combustão, fuligem e poeira são difíceis de serem removidas da atmosfera e têm impacto letal na saúde humana.
A poluição é intensificada pela geografia. A área metropolitana da Cidade do México engloba a cidade e estados e cidades vizinhos do Vale do México. Cerca de 21 milhões de pessoas vivem a 2.240 metros de altitude em uma planície cercada por montanhas, na cratera de um antigo vulcão que retém emissões. Menos oxigênio nessa altitude reduz a eficiência dos motores dos veículos; portanto, eles liberam mais poluentes do que em outros lugares. E, para piorar, o ar quente acima do vale, chamado de “camada de inversão”, também retém a poluição.

O que funciona
Guillermo Velasco, coordenador de Programas do fórum de pesquisa de políticas ambientais Centro Mario Molina**, diz que a movimentação dos veículos entre os estados torna essencial a cooperação dos governos federal e locais. “Obviamente que as emissões vão de um lado para outro; portanto, é importante que [os governos] trabalhem juntos”, diz. Umas das maiores realizações do programa ProAire foi fazer com que autoridades de diferentes jurisdições cooperassem.
Ampliação do transporte público, introdução de conversores catalíticos e gasolina sem chumbo para reduzir as emissões, obrigatoriedade do controle bianual das emissões veiculares e fechamento de uma refinaria da Pemex, além de monitoramento criterioso, são estratégias do ProAire que funcionaram. O programa “Hoy no circula” — limitação das viagens de carro um dia por semana — é outra estratégia que funcionou bem até o número de carros aumentar.
“A Cidade do México tem sido, até agora, uma história de sucesso”, diz Velasco. A cidade melhorou sua infraestrutura e ao mesmo tempo mudou os hábitos de dirigir das pessoas. Mas o crescimento populacional e o consequente aumento do tráfego de automóveis e da atividade industrial significam que esforços mais vigorosos serão necessários no futuro próximo para manter o ar limpo.

Próximos passos
As novas estratégias do ProAire vão até 2020 e incluem o aumento das frotas verdes do transporte municipal, com um novo Metrobús e o programa “Ecobici” de bicicletas compartilhadas. O reflorestamento e a criação de áreas verdes ajudarão a limpar o ar, assim como a energia renovável. E, para Velasco, a reestruturação da cidade, para que as pessoas “morem mais perto de onde trabalham”, também ajudará.
Pesquisas mostram que as pessoas são grandes poluidoras*, não muito atrás dos veículos e das fábricas industriais. Educar as pessoas sobre como elas podem, individualmente, reduzir a poluição do ar também será uma prioridade, segundo Velasco.
A menos que as estratégias sejam implementadas com rigor, “a coisa mais realista que veremos será a qualidade do ar ficar como está. Não vai deteriorar, mas não vai melhorar”, diz Velasco. Desenvolvimentos tecnológicos como combustíveis alternativos são parte da solução; mas, segundo ele, para manter o ímpeto, “precisamos de ações bastante ousadas agora”.
*site em inglês
**site em inglês e espanhol