
Para um número crescente de exploradores, o espaço é a nova Antártida ou o Monte Everest. Mesmo quando o programa espacial da Nasa dos EUA lançou quatro astronautas ao espaço no ano passado, mais de duas dúzias de pessoas não afiliadas ao programa espacial do governo viajaram no espaço.
Um deles foi o ator William Shatner, que interpretou o capitão Kirk na série de televisão original de Star Trek. Seu voo em outubro fez de Shatner a pessoa mais velha (aos 90 anos) a voar para o espaço.
Embora o governo dos EUA tenha um papel visando garantir que as viagens espaciais não prejudiquem os espectadores, abrir oportunidades de voos espaciais para empresas privadas é uma progressão natural, diz Scott Pace, professor de Assuntos Internacionais da Escola Elliott da Universidade George Washington e diretor do Instituto de Política Espacial. O governo é bom em exploração que não faz sentido econômico para interesses comerciais, diz ele. Mas uma vez estabelecido o setor espacial privado, ele pode fazer as coisas com mais rapidez e eficiência.
Este mês, em 28 de fevereiro, a primeira tripulação totalmente civil de quatro pessoas se dirigirá à Estação Espacial Internacional como parte de uma missão organizada pela empresa Axiom Space. Eles viajarão em uma espaçonave Crew Dragon da SpaceX.

“À medida que mais pessoas voam para o espaço e fazem mais coisas durante seus voos espaciais, isso atrai ainda mais pessoas para fazer mais atividades em órbita baixa e reflete o mercado crescente que imaginamos quando começamos o Programa de Tripulação Comercial há dez anos”, disse Phil McAlister, diretor de Voos Espaciais Comerciais na sede da Nasa.
A Associação de Exploradores do Espaço lista 609 pessoas que voaram suborbitalmente ou orbitalmente, de acordo com o diretor-executivo Andy Turnage. O número de astronautas privados até agora é de cerca de 30, mas está crescendo.
Há um boom recente de bilionários adicionando “astronauta” a seus currículos. O fundador da Virgin Galactic, Richard Branson, cidadão britânico, lançou o primeiro veículo com financiamento privado em 2021 com ele próprio a bordo. O americano Jeff Bezos, fundador da Amazon, seguiu dias depois em sua espaçonave Blue Origin.
“Este ano é realmente um renascimento para os voos espaciais tripulados, tanto quando levamos astronautas da Nasa e de parceiros internacionais em espaçonaves comerciais dos EUA para a Estação Espacial Internacional quanto também quando vemos a expansão de missões privadas com astronautas”, disse McAlister.
Pioneiros no espaço

Bezos e Branson não foram os primeiros cidadãos particulares no espaço.
A tentativa anterior da Nasa de abrir espaço para civis terminou quando a viajante selecionada, a professora Christa McAuliffe, foi morta na explosão do ônibus espacial Challenger em 1986. Em 1990, o jornalista japonês Akiyama Toyohiro passou sete dias na estação espacial MIR da Rússia, tornando-se o primeiro astronauta privado*.
A Rússia pós-soviética encontrou no turismo espacial uma opção lucrativa. O empresário americano Dennis Tito pagou por um voo em uma espaçonave russa e em 2001 se tornou o primeiro cidadão privado a voar para a Estação Espacial Internacional.

Pace diz que as pessoas estão interessadas em voos espaciais comerciais há anos, e sua expansão dependerá da redução tanto do custo — atualmente dezenas de milhões de dólares por pessoa, por voo — quanto do risco.
Future flights
Nos EUA, voos suborbitais estão disponíveis através da Blue Origin e da Virgin Galactic. A SpaceX e a Boeing planejam voos orbitais. A cápsula espacial Starliner da Boeing está programada para ser lançada rumo à Estação Espacial Internacional em maio.

Camille Alleyne, da Nasa, acredita que as empresas privadas podem proporcionar inovação e agilidade à economia espacial. “Com a concorrência, reduz os custos, e isso é sempre ótimo para o governo”, disse Camille, vice-gerente do Programa Comercial de Desenvolvimento da Órbita Terrestre Baixa, em um podcast da Nasa.
E Pace vê a exploração do espaço privado como “o simbolismo americano por excelência: aventura, empreendedorismo e sair para uma nova fronteira”.
* site em inglês