
Peter Nyaki aprendeu algumas coisas sobre erosão do solo. O solo em seu sítio de árvores e hortaliças na Tanzânia estava perdendo nutrientes e se tornando cada vez menos fértil, enquanto suas colheitas minguavam — até que ele tentou uma nova abordagem, usando adubo orgânico e semeando gramíneas para evitar o escoamento durante a estação de chuvas. Agora seu sítio mantém diversas culturas saudáveis, como feijão, cujas colheitas aumentaram mais de 60%.

Nyaki está dividindo o que aprendeu com outros agricultores no distrito de Lushoto. Alguns de seus vizinhos estão experimentando práticas agrícolas comprovadas em sua terra. Nyaki é um entre milhões de agricultores no mundo todo que estão tornando a agricultura mais eficiente e favorável ao meio ambiente com a adoção de práticas sustentáveis. A agricultura sustentável* promove métodos economicamente viáveis, ambientalmente seguros e protege a saúde pública.
O caminho para a sustentabilidade
Os agricultores e a indústria de alimentos comerciais fizeram progressos significativos para alimentar o mundo. Há 25 anos, 23% da população mundial era subnutrida. Hoje, segundo as Nações Unidas, esse número caiu para 13%.

Mas essa conquista teve um preço: desmatamento e perda de hábitats; esgotamento dos escassos recursos hídricos; poluição de terras e mares por escoamento agrícola; erosão do solo; e outros problemas relacionados com o solo. E as emissões de gases de efeito estufa provenientes da agricultura, da silvicultura e da pesca praticamente dobraram nos últimos 50 anos.
O desafio: como alimentar os 9 bilhões de pessoas estimados para 2050 e ao mesmo tempo preservar o meio ambiente e o clima. Em outras palavras, produzir 70% a mais de alimentos usando menos terra e menos recursos.
A agricultura sustentável praticada com regularidade em escala global pode ajudar os agricultores a enfrentar esse desafio, segundo uma equipe de especialistas internacionais**. “A sustentabilidade é uma necessidade, não um luxo”, disse Jim Horne ao site Freshgreens. Horne chefia o Centro Kerr de Agricultura Sustentável* e é um dos autores de The Next Green Revolution: Essential Steps to a Healthy, Sustainable Agriculture [A Próxima Revolução Verde: Medidas Essenciais para uma Agricultura Saudável e Sustentável].

Colhendo mais com menos
“Vejo um grande movimento em direção a uma transição para a sustentabilidade”, disse Pamela Matson, da Universidade de Stanford, ao learner.org*. “O fundamental é que vamos ter de agir muito mais rápido.” Alguns governos, cientistas e ONGs estão ajudando os agricultores a fazer essa transição.

A rotação de culturas e a irrigação por gotejamento utilizam menos água e pouco ou nenhum fertilizante artificial. O sistema de plantio direto — usado para o plantio de culturas ou pastagens sem perturbar o solo com aração — pode aumentar o rendimento do milho em 20% e, quando combinado com práticas de irrigação sustentáveis, pode resultar em um aumento de cerca de 70%*.
Algumas das novas tecnologias agrícolas empregadas por agricultores americanos estão em exposição no Pavilhão dos EUA*** na Expo Milão 2015.
Agricultor no centro
A agricultura sustentável pode beneficiar os agricultores. Rendimentos mais elevados e custos menores com fertilizantes e pesticidas significam rendas mais altas e menos exposição a produtos químicos nocivos.

Mas os agricultores às vezes temem as mudanças, não têm dinheiro ou informações suficientes ou desconfiam de estranhos lhes dizendo o que fazer. Cooperativas de agricultores e escolas de campo para agricultores — redes para trocar ideias e conhecimento — podem ajudar a promover práticas sustentáveis. O governo pode facilitar a mudança para os agricultores.
Quando o governo vietnamita promoveu o Sistema de Intensificação do Arroz (SIA), o resultado foi mais arroz com menos uso de fertilizantes e água.

Programas internacionais como o americano Alimentar o Futuro* trabalham para desenvolver tecnologias e métodos inteligentes para o clima. Até mesmo o agronegócio e as empresas de alimentos podem fazer sua parte. Grandes empresas como a Campbell Soup Company e a General Mills estão adotando práticas sustentáveis em suas cadeias de fornecimento. Na Índia, a Coca-Cola e uma ONG local incentivam a irrigação por gotejamento e outras práticas sustentáveis capacitando e equipando produtores de manga no estado de Andhra Pradesh.
Sementes de mudança
A pesquisa é fundamental para aumentar os ganhos. O Projeto Catalisador promove inovações de agricultores que reduzem o escoamento de pesticidas e fertilizantes na lagoa da Grande Barreira de Coral da Austrália. Na África Subsaariana, onde alguns agricultores mal conseguem bancar os fertilizantes, muitos agora usam “microdoses” ou medem com precisão os nutrientes necessários para cada buraco de semente. Sua ferramenta de alta tecnologia: uma simples tampa de garrafa.
Na próxima década, os pesquisadores esperam desenvolver variedades de plantas que utilizem menos fertilizantes e rendam mais.
A maior esperança, diz Norman Uphoff, da Universidade Cornell, está no melhor entendimento do papel que bilhões de microorganismos desempenham nas plantas e na fertilidade do solo. “Precisamos de um equivalente da revolução copernicana para utilizar o potencial desses microorganismos”, diz.
* site em inglês
** site em inglês e sueco
*** site em inglês e italiano