Como a crise climática afeta a equidade e a igualdade de gênero

À medida que a crise climática piora, ela afetará mais mulheres e meninas do que homens e meninos, mostram estudos*.

Em tempos de conflito e crise — como após um desastre natural ou durante a migração em massa causada por escassez de água e quebra de safra — mulheres e meninas correm maior risco de sofrer violência de gênero, inclusive ao longo das rotas de migração e em campos de refugiados.

Nas inundações repentinas de 2014 nas Ilhas Salomão, por exemplo, cerca de 90% das vítimas eram mulheres e crianças. Segundo o Unicef, essa alta porcentagem* (PDF, 10 MB) ocorre porque as normas culturais do país determinam que as mulheres fiquem em casa como cuidadoras de crianças e idosos. Quando ocorreram as inundações repentinas, as mulheres não conseguiram escapar, ao contrário dos homens, que trabalhavam ao ar livre e podiam procurar terrenos em lugares mais elevados.

Na Síria — país atormentado pela seca — as famílias lideradas por mulheres correm um risco muito maior de não ter acesso 24 horas à água do que as famílias lideradas por homens, de acordo com os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA. E quando as mulheres sírias migram por causa de conflitos ou falta de acesso à água, elas podem acabar em situações em que são suscetíveis à violência de gênero. Na Jordânia, 29% das refugiadas sírias sofreram algum tipo de agressão física*.

Ao mesmo tempo, mulheres e meninas são líderes e agentes de mudança em ação climática. Os países com mais mulheres em papeis de liderança no governo demonstraram proteger o meio ambiente e a terra em índices mais altos.

“Sabemos que lidar com a crise climática e alcançar a igualdade de gênero estão inextricavelmente ligados”, disse a secretária de Estado Adjunta dos EUA para Oceanos e Assuntos Ambientais e Científicos Internacionais, Monica Medina, em uma palestra realizada na COP27 em 15 de novembro de 2022*. “E agora, temos uma incrível janela de oportunidade.”

Governo dos EUA responde

Uma das maneiras de criar um futuro climático mais equitativo é incluir mulheres, meninas e comunidades marginalizadas em estratégias de mitigação e adaptação climática.

As mulheres representam apenas 22% da indústria internacional de petróleo e gás, e apenas 32% do setor de energia renovável, de acordo com a Agência Internacional de Energia Renovável. Mas as mulheres estão sobrerrepresentadas em uma miríade de outros setores afetados pelas mudanças climáticas, como agricultura e turismo.

O Departamento de Estado dos EUA, a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) e outras agências dos EUA estão financiando programas a fim de capacitar as mulheres em energia renovável e outras áreas para incentivá-las a unir esforços visando combater a crise climática.

Os Estados Unidos anunciaram na COP27 em Sharm El-Sheikh, Egito, que a Usaid está investindo mais de US$ 21,8 milhões em ações climáticas sensíveis a gênero advindas do Fundo de Ação para Equidade e Igualdade de Gênero. Essa promessa supera o compromisso de US$ 14 milhões da COP26 feita pela Agência.

A Usaid continuará a ajudar as mulheres a liderar ações climáticas com:

  • Um novo Fundo de Igualdade de Gênero Climático, lançado por meio de uma parceria de cinco anos com a Amazon. Ele inclui uma promessa inicial de US$ 6 milhões e garantirá investimentos para organizações e empresas climáticas lideradas por mulheres que promovem soluções climáticas com igualdade de gênero em países menos desenvolvidos.
  • Uma parceria em andamento chamada Promovendo Gênero no Meio Ambiente (Agent, na sigla em inglês) com a União Internacional para a Conservação da Natureza, que concede subvenções a organizações que trabalham para lidar com a violência de gênero nos setores climáticos.
  • Investir em educação e capacitação para mulheres e jovens. A Usaid fez um investimento inicial de US$ 23 milhões no novo programa Pioneiros Egípcios, que dura nove anos, e visa construir uma força de trabalho egípcia mais inclusiva e capaz, com ênfase em setores com potencial para contribuir com as metas climáticas, como meio ambiente e energia.

O Escritório para Assuntos Globais da Mulher do Departamento de Estado também lançará um projeto com o intuito de aumentar a participação das mulheres na força de trabalho global de energia limpa, bem como uma rede global de meninas trabalhando a fim de liderar soluções climáticas e defender políticas climáticas tanto local quanto internacionalmente.

Em outras partes do Departamento de Estado, as agências estão promovendo uma Estratégia Mulheres na Energia, capacitando organizações lideradas por mulheres em discussões políticas relacionadas ao clima e integrando as mulheres nos processos nacionais de mudança climática. Essas ações capacitarão mulheres e meninas para enfrentar a crise climática e fazer a transição do mundo para um futuro com emissões líquidas zero.

“Por que estamos tendo essa conversa e assumindo esses compromissos?” perguntou Monica. “Porque, novamente, as evidências mostram que priorizar o empoderamento de mulheres e meninas, em toda a sua diversidade, na luta contra a crise climática, tornará nossos esforços mais bem-sucedidos para todos; por isso, continuaremos a explorar esse imenso potencial.”

* site em inglês