Enquanto os nigerianos foram às urnas em março de 2015 no que se mostrou ser uma eleição histórica, 40 jovens em Abuja, a maioria mulheres, responderam ligações telefônicas durante 24 horas, atendendo casos de violência e exclusão de eleitores.
Enquanto isso, 300 observadoras eleitorais acompanhavam a votação em dez estados nigerianos, relatando as irregularidades para Abuja. Lá, uma equipe de oito mulheres eminentes de Nigéria, Libéria, Serra Leoa e Senegal trabalhavam com partidos políticos e grupos religiosos para tratar das ameaças de violência contra eleitoras e candidatas à medida que ocorriam.
Bem-vindos à Sala de Crise das Mulheres. A eleição na Nigéria foi a eleição africana mais recente a se beneficiar de uma ideia de quatro anos que tem se disseminado em todo o continente. Originada durante as eleições presidenciais e legislativas de 2011 na Libéria para promover o desenvolvimento de lideranças femininas, o modelo da Sala de Crise das Mulheres foi reproduzido em Senegal, Serra Leoa, Mali e Guiné-Bissau.

Estudos mostram que existe maior probabilidade de mulheres e crianças serem afetadas pela violência nas eleições, incluindo esforços para impedir as mulheres de exercer seu direito ao voto. As Salas de Crise das Mulheres são formadas por mulheres e jovens para garantir o acesso aos locais de votação.
Entre as mesas da Sala de Crise das Mulheres na Nigéria havia uma composta por representantes da Polícia e outra por representantes da Comissão Eleitoral Independente da Nigéria, permitindo resposta imediata a casos de violência e incidentes de exclusão de eleitores.
“Se a situação ocorre no campo e queremos respostas da Polícia — como violência surgida em um determinado estado enquanto [mulheres] estavam participando da eleição —, respondemos encontrando o órgão pertinente do governo — Comissão Eleitoral Nacional Independente ou Polícia — para resolver a situação. Se eles estiverem na sala, é claro que é mais fácil e mais rápido”, disse à ONU Mulheres Turrie Akerele Ismael, advogada-geral da Nigéria e uma das mulheres eminentes da Sala de Crise.
“As mulheres e os jovens desempenham papel ativo na manutenção da paz antes, durante e depois das eleições”, disse Sylvie Ndongmo, da Liga Internacional de Mulheres pela Paz e Liberdade, que coordenou a Sala de Crise das Mulheres durante a eleição nigeriana. Quando grupos da sociedade civil trabalham com agências governamentais para reduzir as ameaças a eleitoras e candidatas, disse Sylvie, “a ameaça da violência nas eleições se torna uma oportunidade para promover a paz e a democracia sustentáveis”.