Como capacitar uma geração de líderes escolares

Nem todas as pessoas sairiam de casa e viajariam 500 quilômetros a fim de pedir ajuda ao presidente de Uganda para frequentar uma escola de ensino médio, mas James Kassaga Arinaitwe era um menino de 11 anos de idade determinado. Três diplomas universitários mais tarde, Arinaitwe ainda está incomodando líderes políticos em busca de oportunidades educacionais. Porém, desta vez ele não está sozinho.

Dezesseis jovens integraram em fevereiro passado a aula inaugural do Teach For Uganda* (Ensinar para Uganda), um programa de bolsas de estudo de dois anos de duração fundado por Arinaitwe, que coloca estudantes de pós-graduação para trabalhar como professores em escolas de ensino fundamental carentes em toda Uganda.

Se esse programa soa familiar, é porque o Teach For Uganda faz parte da Teach for All* (Ensinar para Todos), uma rede global de organizações baseadas no modelo do Teach For America* (Ensinar para os EUA).

A empreendedora social Wendy Kopp fundou a Teach For America em 1990, quando os Estados Unidos enfrentavam uma carência de professores em âmbito nacional e uma falta de instituições educacionais necessárias para superar décadas de estagnação. A Teach For All foi criada em 2007, depois que defensores da educação de países tão distantes como Índia e Chile perguntaram a Wendy como reproduzir o seu modelo em seus próprios países.

“O benefício da Teach for All é que eles não precisam reinventar a roda”, diz Leigh Kincaid, diretora de suporte a parceiros da Teach For All. “Parte do nosso trabalho é capturar e divulgar as melhores práticas e ideias globalmente”, diz ela. Hoje, a rede tem parceiros independentes em 48 países e o programa Teach For Uganda é um dos mais novos.

Mulher em pé ao lado de uma lousa ensinando alunos sentados em uma sala de aula ao ar livre (Teach for Uganda)
O programa Teach for Uganda faz parcerias com escolas que possuem poucos recursos. Aqui, alunos da Escola de Ensino Fundamental de Matembe têm aula ao ar livre (Teach for Uganda)

Arinaitwe chama isso de educação por e para os ugandenses: “Conhecemos nossos desafios, nosso contexto.” Por contexto, ele se refere à luta do sistema educacional contra o absenteísmo dos professores e as altas taxas de evasão de alunos.

Aos 11 anos de idade, ele fez um apelo bem-sucedido na casa do presidente do país para cursar o ensino médio. Mais tarde, um casal americano patrocinou sua educação em ensino superior nos Estados Unidos. Mas Arinaitwe acredita que os estudantes ugandenses precisam de professores bem capacitados antes de irem para o exterior.

Quando o Teach For Uganda começou a arrecadar fundos em 2016, as escolas de ensino fundamental do país tinham 23 mil professores. Metade de todos os professores trabalhando em escolas comparecia para dar aula todos os dias. Isso prejudicou os resultados dos alunos: 57% deles não completam o ensino fundamental em Uganda, de acordo com o Banco Mundial.

Teach For Uganda oferece uma solução dupla, atraindo estudantes de pós-graduação que possuem uma educação de qualidade como professores. Eles  recebem capacitação contínua em liderança e Pedagogia. Em seguida, o programa fornece instruções de qualidade para os alunos que, em seguida, são motivados a permanecer na escola.

No início do ano letivo, Patricia Nakimbugwe, do Teach For Uganda, teve muitos alunos ausentes em suas aulas de quarta e quinta séries na Escola de Ensino Fundamental Kasiso, no centro de Uganda. Ela e outro colega da escola fizeram uma campanha visando convencer a comunidade para que o tempo que um aluno passa em sala de aula seja bem aproveitado. “Agora, a participação nessas aulas é realmente incrível”, diz Nakimbugwe.

“O programa se destina a promover líderes fortes em sala de aula e líderes de longo prazo dentro e fora da sala de aula”, diz Leigh.

* site em inglês