Nos Estados Unidos, onde milhões de pessoas são surdas ou possuem alguma deficiência auditiva, intérpretes da linguagem dos sinais estão presentes em todos os lugares em que o público está.
Usando a Linguagem Americana de Sinais (LAS), intérpretes transmitem as palavras dos palestrantes em eventos em hospitais, tribunais, escolas, teatros e agências governamentais. Eles trabalham em coletivas na Casa Branca e para governadores estaduais que fazem anúncios televisivos durante desastres naturais ou surtos de Covid-19. Empresas privadas contratam intérpretes a fim de ajudar clientes surdos ou com perda auditiva a fazer compras ou frequentar restaurantes. (Muitas pessoas com problemas de audição não usam a linguagem de sinais.)

Na Geórgia, David Cowan faz interpretação usando a linguagem de sinais em coletivas de imprensa do governador Brian Kemp em um estilo tão animado que ele ganhou fãs entre o público em geral que o encontra nas mídias sociais.
Cowan, intérprete da linguagem de sinais desde 1984, disse à revista Atlanta* que seu papel exige que ele interprete de uma forma que as pessoas entendam o que ele está dizendo. “A comunidade surda não quer verborragia, dialeto”, disse Cowan à revista. “Ela quer a mensagem. Eu condenso (…) transmitindo o significado.”
A interpretação na linguagem de sinais faz parte da comunicação nos Estados Unidos há 200 anos, mas não se tornou uma profissão até o final dos anos 1960 ou início dos anos 1970, afirmou Howard Rosenblum, executivo-chefe da Associação Nacional de Surdos. Foi nessa época que surgiram programas de capacitação, exames de avaliação e certificados visando identificar competências padrão.

Apoio legislativo
A Lei de Reabilitação de 1973 exigiu que as agências e entidades federais que recebiam financiamento federal tornassem os eventos acessíveis a pessoas com deficiência, incluindo surdos ou deficientes auditivos.
Em 1990, a Lei dos Americanos com Deficiência exigiu que empregadores, governos estaduais e locais, e empresas privadas que estivessem abertos ao público acomodassem pessoas com deficiência de maneira razoável.

A lei tem proporcionado “incríveis oportunidades para pessoas surdas ou com deficiência auditiva”, afirma Rosenblum. A lei lhes tem dado acesso a educação superior, empregos, consultas médicas, comparecimento a tribunais e entretenimento.
Interpretação vs. entretenimento
Desde 1992, um especialista em LAS trabalha com uma estrela do pop cantando o hino nacional no principal evento esportivo dos Estados Unidos, o Super Bowl (a final do campeonato de futebol americano). O jogo é assistido pela televisão por dezenas de milhões de pessoas, muitas das quais assistem aos programas de entretenimento transmitidos antes do jogo e no intervalo.
No Super Bowl do início de 2021, Warren “Wawa” Snipe interpretou usando a linguagem de sinais o hino americano, “A Bandeira Estrelada”, cantado pela estrela da música country Eric Church e pela cantora de R&B Jazmine Sullivan. Snipe se autodenomina artista (em vez de intérprete) da Linguagem Americana de Sinais, o que lhe dá liberdade de se expressar mais do que se ele estivesse fazendo exclusivamente uma interpretação do inglês falado.
“Wawa Snipe mostrou como é possível transmitir a LAS de maneiras criativas, a fim de transmitir sua interpretação artística dessas canções icônicas, assim como os cantores fazem”, disse Rosenblum.
* site em inglês