Como parques públicos honram o legado de Martin Luther King

Guarda-florestal falando com dois turistas e gesticulando (© Jeffrey Greenberg/Universal Images Group/Getty Images)
Um guarda florestal em Atlanta conduz um passeio pelo Parque Nacional Histórico Martin Luther King Jr. (© Jeffrey Greenberg/Grupo Universal Images/Getty Images)

Em todos os Estados Unidos, muitos parques e trilhas homenageiam Martin Luther King e sua vida notável.

O Parque Nacional Histórico Martin Luther King Jr.* de Atlanta inclui o local de nascimento do líder dos direitos civis; a Igreja Batista Ebenezer, onde ele serviu como pastor e copastor até seu assassinato em 1968; seu local de sepultamento; e exposições sobre ele e sua esposa, Coretta Scott King.

Crianças descendo escadas perto do retrato de Martin Luther King (© David Goldman/AP Images)
Crianças exploram a Igreja Batista Ebenezer em Atlanta dias antes do Dia de Martin Luther King Jr. em 2018 (© David Goldman/AP Images)

A Trilha Nacional Histórica de Selma a Montgomery*, no Alabama, percorre os 87 km que King e outros ativistas atravessaram a pé em 1965 a fim de exercer pressão sobre o Congresso visando aprovar a Lei do Direito ao Voto de 1965, que garante o direito ao voto para todos os afro-americanos.

A Trilha da Igualdade Martin Luther King, de 5,48 km, localizada em Michigan, em vez de significar uma conexão pessoal com King, é um espaço recreativo nomeado para honrar suas contribuições à justiça social nos Estados Unidos. A trilha conduz os caminhantes através de bairros residenciais silenciosos, um complexo com parque e pântanos.

Trilha com neve dos dois lados (Cortesia: Experience Jackson)
Trilha da Igualdade de Martin Luther King Jr. em Jackson, Michigan (Cortesia: Experience Jackson)

“Quando olhamos para o nome de King nesses locais específicos como um parque ou uma trilha, uma via pública, uma escola, independente do caso, não se trata apenas de um memorial a King”, afirma Derek Alderman, professor de Geografia da Universidade do Tennessee. “Pode ser — e deve ser — um grande acerto de contas com a história da discriminação racial através da infraestrutura.” Ao longo de várias décadas, normas e leis formais, bem como expectativas sociais informais, impuseram a segregação racial nos Estados Unidos. A segregação ditava quem tinha acesso a parques e trilhas.

Martin Luther King andando de bicicleta (© Stan Wolfson/Newsday RM/Getty Images)
Martin Luther King anda de bicicleta na Ilha do Fogo, Nova York, em 1967 (© Stan Wolfson/Newsday RM/Getty Images)

Acesso justo a parques recreativos era uma meta proeminente do ativismo pelos direitos civis praticado por King.

Na “Carta de uma prisão de Birmingham” escrita por King em 1963 — ele foi preso por protestar contra a segregação e redigiu uma resposta aos críticos que pensavam que afro-americanos deveriam esperar pela justiça social — King menciona parques como um campo de batalha pela igualdade racial.

“Ao tentar explicar à sua filha de seis anos por que ela não pode ir ao parque de diversões público que acabou de ser anunciado na televisão e vê lágrimas jorrando nos olhos dela quando lhe é informada de que Funtown está fechado para crianças de cor, e vê nuvens ameaçadoras de inferioridade começando a se formar em seu pequeno céu mental (…) então você entenderá porque achamos difícil esperar.”Martin Luther King Jr., trecho de “Carta de uma prisão de Birmingham

Na Carolina do Sul, visitantes podem explorar o Centro Penn, um parque nacional isolado, da era da Reconstrução, onde King organizava retiros com ativistas, relaxava e ponderava. Ele escreveu muitos discursos nesse local, inclusive o famoso discurso “Eu tenho um sonho”.

King fez o discurso de 1963 nos degraus do Memorial Lincoln no National Mall. O local fica a uma curta caminhada do Memorial de Martin Luther King Jr., que foi inaugurado em 2011 e apresenta uma imagem de King talhada de uma pedra montanhosa atrás dele. É uma reminiscência das palavras de seu discurso naquele dia de agosto de 1963, durante a Marcha para Washington: “Da montanha do desespero, uma pedra de esperança”. Citações de muitos de seus discursos são esculpidas na pedra. 

Visitantes caminhando pelo Memorial de Martin Luther King Jr. sob as flores de cerejeiras (© Andrew Caballero-Reynolds/AFP/Getty Images)
As cerejeiras florescem todos os anos no Memorial de Martin Luther King Jr., em Washington, em torno do aniversário da morte de King, em 4 de abril (© Andrew Caballero-Reynolds/AFP/Getty Images)

Parques ao redor do mundo também levam o nome de King. O Gandhi-King Memorial Plaza em Nova Délhi comemora a busca não violenta por justiça social por parte de King e Mahatma Gandhi, advogado indiano que ajudou a libertar a Índia do domínio colonial britânico em 1947. Os dois homens nunca se conheceram, mas as técnicas não violentas de Gandhi inspiraram o movimento de King.

“Ter os dois nomes unidos, simbólica e literalmente, cria um momento para refletir”, diz Alderman.

Esses locais ajudam os visitantes a aprender sobre o importante lugar de King no movimento pelos direitos civis dos EUA. E, ao fazê-lo, tornam apropriadamente o exercício ao ar livre e as experiências educacionais mais inclusivas. Como a Fundação de Parques Nacionais observa em seu site: “É importante que todos se sintam bem-vindos em nossos parques, que pertencem a todos nós.”

* site em inglês