Quando Vita Vea foi convocado para a Liga Nacional de Futebol dos EUA em 2018, o tonganês americano atribuiu crédito a seus pais por ensiná-lo ética de trabalho e perseverança a fim de ter sucesso.

“Eles não tinham família aqui nem nada, então tiveram de trabalhar desde que chegaram”, disse Vea*, sobre seus pais que imigraram de Tonga para os Estados Unidos. “Nunca lhes foi dado nada.”
Três anos depois que o Tampa Bay Buccaneers fez de Vea o 12º jogador selecionado no processo seletivo para escolha de jogadores novos, o ágil jogador defensivo, cuja função é derrubar jogadores de ataque, e que pesa 157 kg, ajudou o time a vencer o Super Bowl LV, a final do campeonato de futebol americano.
Vea faz parte de uma comunidade americana-tonganesa nos Estados Unidos que conta com mais de 50 mil pessoas e que tem tido uma influência descomunal no futebol americano, um dos esportes mais populares do país.
Embora vários tonganeses americanos, como Vea e Haloti Ngata, cinco vezes participante do Pro Bowl (evento anual realizado pela NFL do qual participam os melhores jogadores), tenham sucesso no mais alto nível do esporte, a comunidade também é uma força nos campos de futebol dos ensinos médio e universitário.
O impacto de tonganeses no futebol americano

Tony Vainuku, cineasta americano tonganês, narrou a importância do futebol americano para Salt Lake City, a comunidade tonganesa de Utah e a comunidade polinésia em geral no documentário de 2015 “In Football We Trust” (No futebol, nós confiamos, em tradução livre).
O filme segue vários jovens atletas polinésios construindo uma carreira no futebol. “Tínhamos um porte maior, éramos rápidos para o tamanho que éramos, então era fácil dominar a liga juvenil”, disse Vainuku ao Instituto Americano de Filmes.
Troy Polamalu, jogador da posição de defesa, que integra o Hall da Fama do Futebol Profissional, tem origem samoana e venceu dois Super Bowls com o Pittsburgh Steelers, diz que aspectos da cultura polinésia se traduzem bem para um esporte tão físico. “Viemos de uma linhagem de guerreiros; nossa cultura incorpora o que é o futebol americano”, diz Polamalu no filme de Vainuku*.
Os Trojans Euless Trinity concordam. O time de futebol americano de uma escola do ensino médio de Dallas executa uma dança de guerra tonganesa chamada Sipi Tau antes de cada jogo. Aproximadamente 40% dos jogadores do time são tonganeses ou de outra ascendência polinésia, de acordo com reportagens locais*. Sua tradição remonta a 2004 e une companheiros de equipes de diversas formações em uma performance que motiva uns aos outros e a multidão.
‘Mostrar amor e ser humilde’
Outros esportes dos EUA também têm tido contribuições de atletas de ascendência tonganesa, incluindo o ex-atacante da Associação Nacional de Basquete Jabari Parker, o ex-arremessador da Liga Principal de Beisebol Sam Tuivailala e Tony Finau, americano tonganês que atualmente é o 11º jogador profissional de golfe do mundo.
Como Vea, Finau atribui crédito à sua ascendência por incutir características que o ajudam a ter sucesso. “Adoro ser polinésio”, disse ele ao Samoa Observer*. “Somos um povo com muita fé, muito amor”, acrescentou. “Demonstrar amor e ser humilde é algo de que me orgulho de possuir ao longo da minha carreira.”

Atonio Mafi, jogador de linha ofensiva que jogou futebol americano universitário na Universidade da Califórnia em Los Angeles Bruins, forma um “t” com os braços toda vez que seu time marca. Selecionado recentemente pelo New England Patriots da NFL, Mafi diz que mal pode esperar para representar suas origens tonganesas em um campo da NFL.
“Minha ascendência tonganesa significa tudo para mim”, disse ele ao Los Angeles Times*. “Viemos de uma pequena nação insular a milhares de quilômetros de distância, mas ainda estamos fazendo sucesso.”
Em 10 de maio, o governo dos EUA abriu uma Embaixada em Nuku`alofa, em Tonga, visando promover prioridades compartilhadas, como abordar as mudanças climáticas e fazer avançar o desenvolvimento econômico, além de promover os já ricos laços culturais. A história compartilhada dos Estados Unidos e Tonga remonta pelo menos ao Tratado de Amizade, Comércio e Navegação dos países, assinado em 1886.
* site em inglês