
O médico Solomon Carter Fuller fez duas descobertas essenciais no início do século 20 sobre a doença de Alzheimer, um distúrbio cerebral que destrói lentamente a memória e as habilidades de pensamento.
Ele também é considerado o primeiro psiquiatra afro-americano dos Estados Unidos.
Hoje, cientistas sabem que a doença de Alzheimer — uma forma de demência que afeta aproximadamente 44 milhões de pessoas em todo o mundo — é caracterizada pela perda de neurônios e sinapses no cérebro.
No entanto, há mais de um século, psiquiatras e neurologistas acreditavam que era uma forma de insanidade, um termo amplo usado na época para se referir a doenças mentais. A pesquisa de Fuller mudou isso.
Nascido na Libéria, o avô paterno de Fuller foi um escravizado nos Estados Unidos que comprou a própria liberdade e imigrou para a África. Fuller voltou aos Estados Unidos para fazer faculdade em 1889, onde estudou na Faculdade Livingstone na Carolina do Norte.
Fuller se formou em Medicina pela Escola de Medicina da Universidade de Boston menos de uma década depois. Ele estudou Patologia — a ciência das doenças — e ingressou no corpo docente como instrutor.
Foco na doença
Alguns anos depois, Fuller foi escolhido para pesquisar Neurologia no Hospital Psiquiátrico Real em Munique com Alois Alzheimer. Sob a supervisão de Alzheimer, Fuller iniciou seus estudos sobre Neurociência e a patologia da doença.
Embora a doença ainda não tivesse o nome de “Alzheimer” (em homenagem a seu pesquisador principal), Fuller começou a estudar o cérebro de pacientes que apresentavam seus sintomas. Quando voltou aos Estados Unidos, Fuller continuou estudando a patologia da doença de Alzheimer no Hospital Westborough em Massachusetts, onde fez duas descobertas.
Fuller descobriu que os pacientes que tinham a doença exibiam duas anormalidades cerebrais principais — placas senis e emaranhados neurofibrilares, ambos os quais agora são considerados indicadores característicos da doença de Alzheimer.
Fuller não apenas escreveu sobre os emaranhados neurofibrilares cinco meses antes de Alzheimer, mas também abriu o caminho para neurologistas nos Estados Unidos e no exterior entenderem a doença como uma aflição física — não mental.
Apesar de suas contribuições para a pesquisa sobre o Alzheimer*, Fuller não estava imune aos efeitos do racismo. Ele se aposentou da Universidade de Boston em 1933 depois que um colega branco foi premiado com a cadeira do Departamento de Neurologia, sendo que Fuller atuava não oficialmente nessa posição por anos, sem promoção ou aumento de salário.
“Com o tipo de trabalho que fiz”, disse ele sobre sua aposentadoria, “eu poderia ter ido mais longe e alcançado um patamar superior se não fosse pela cor da minha pele”.
No entanto, o século passado viu as contribuições de Fuller para a ciência serem reconhecidas. A Associação Americana de Psiquiatria batizou seu prêmio para profissionais de saúde mental negros em sua homenagem, e o Centro de Saúde Mental Dr. Solomon Carter Fuller em Boston recebeu esse nome em sua homenagem.
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