Scott Kelly retornou da Estação Espacial Internacional duas polegadas mais alto do que seu irmão gêmeo Mark.

Um aumento de altura temporário é um dos muitos efeitos estranhos ao se passar quase um ano a bordo da Estação Espacial Internacional. É bastante simples de explicar: sem que a gravidade normal empurre o corpo para baixo, a coluna se expande; em seguida, a coluna rapidamente volta ao normal ao se retornar para a Terra.

Os pesquisadores estão tentando compreender o que acontece ao corpo humano durante missões longas, a fim de se preparar para uma possível — e muito mais longa — viagem de ida e volta a Marte. Atualmente, pela primeira vez, os cientistas estão comparando o ano que Kelly passou no espaço ao ano de Mark na Terra no que se denomina “estudo de gêmeos”.

Estudar gêmeos permite que os cientistas compreendam melhor a importância relativa da genética ou do meio ambiente nos resultados de um estudo.

Por serem gêmeos idênticos, os dois homens essencialmente compartilham da mesma genética. Ambos passaram tempo significativo no espaço, sendo que Mark registrou 54 dias a bordo do ônibus espacial. No entanto, Mark realmente ressalta algumas diferenças quando os dois estavam no ensino médio:

“Acho que escolhi as matérias mais difíceis, porque, sabe como é, [Scott] tinha dificuldades com elas” declarou em tom de brincadeira durante uma entrevista na Nasa.

Esforço colaborativo

O astronauta Scott Kelly e o cosmonauta Mikhail Kornienko posam para foto, com Kelly segurando uma flor e Kornienko, um cartaz (Nasa)

Tuíte:
Durante um longo voo espacial, o astronauta Scott Kelly e o cosmonauta Mikhail Kornienko posam com uma de suas experiências: zínias cultivadas no espaço (Nasa)

Ao longo do ano que passou no espaço, Scott Kelly trabalhou de perto com o cosmonauta russo Mikhail Kornienko em experiências para preparar os humanos para viagens longas no espaço. A Nasa, o programa espacial russo Roscosmos e outros parceiros internacionais estão estudando as seguintes alterações nos astronautas: visão, micróbios intestinais, células e psicologia, dentre outras coisas*.

Os gêmeos e Kornienko disponibilizaram aos pesquisadores um tesouro de dados relativos à sua saúde, que serão analisados e publicados ao longo dos próximos anos.

O que vem a seguir? “Viajar a Marte é possível”, disse Scott, apesar de que não será ele que fará a viagem. Ele anunciou que vai se aposentar da Nasa a partir de abril. “Estamos próximos o suficiente e se fizermos a escolha, acredito que podemos fazer isso.”

Experiências científicas não são tudo que Scott Kelly fez no ano que passou no espaço. Entre centenas de outras experiências, ele conseguiu tirar algumas fotos surpreendentes — e fazer um pacto com seu irmão para inserir furtivamente um tipo diferente de traje espacial na estação!

*site em inglês