Construindo um futuro melhor para agricultores da África

Agricultora arrancando ervas daninhas em uma propriedade rural (© Guillem Sartorio/AFP/Getty Images)
Os Estados Unidos, a União Africana e outros parceiros estão trabalhando para identificar as lavouras mais adequadas para solos em países africanos, como a Zâmbia, onde um agricultor foi visto capinando em janeiro de 2020 (© Guillem Sartorio/AFP/Getty Images)

Agricultores no mundo inteiro enfrentam condições meteorológicas cada vez mais imprevisíveis. Mas na África, onde a ONU calcula que 282 milhões de pessoas* não têm alimentos suficientes, mais inundações e secas severas ameaçam piorar uma situação que já é calamitosa.

Através da Visão para Culturas e Solos Adaptados (Vacs, na sigla em inglês), os Estados Unidos, a União Africana e a Organização da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO) estão trabalhando com o setor privado e instituições de pesquisa visando adaptar as lavouras para resistir às mudanças climáticas e criar um abastecimento de alimentos mais seguro para a África.

“A agricultura enfrenta uma combinação de desafios historicamente sem precedentes”, afirmou Cary Fowler, enviado especial dos EUA para Segurança Alimentar Global, na Cúpula da Missão de Inovação em Agricultura para o Clima em 9 de maio em Washington.

Enfrentar esses desafios requer solos férteis e lavouras resilientes adaptados para resistir às mudanças climáticas, acrescentou.

Para impulsionar o investimento em lavouras africanas tradicionais que são vitais para a nutrição e podem prosperar nos solos africanos, a Vacs, lançada em 1º de fevereiro, vai:

  • Identificar as lavouras mais importantes e nutritivas em cada uma das cinco sub-regiões da União Africana.
  • Avaliar os impactos nutricionais e socioeconômicos das mudanças climáticas nessas lavouras.
  • Mobilizar recursos públicos e privados para adaptação de lavouras por meio de melhoramento de plantas e outros investimentos.
  • Coletar, mapear e analisar dados do solo a fim de determinar como melhorar a qualidade do solo e aumentar o rendimento das lavouras.
Homem pedala enquanto equilibra com um dos braços bandejas repletas de pães (© Roger Anis/Getty Images)
Conflitos, incluindo a guerra da Rússia contra a Ucrânia, têm aumentado os preços do trigo em países africanos, como o Egito, onde um trabalhador entrega pão no Cairo em maio de 2022 (© Roger Anis/Getty Images)

Reduzir a fome

Os Estados Unidos estão tomando várias medidas para enfrentar a crise global de alimentos causada por climas extremos e conflitos, incluindo a brutal guerra da Rússia contra a Ucrânia, que tem destruído terras agrícolas em um dos principais países exportadores agrícolas do mundo.

Na Cúpula de Líderes EUA-África em dezembro de 2022, o presidente Biden anunciou mais de US$ 2,5 bilhões em ajuda emergencial de segurança alimentar para a África, parte de US$ 2,76 bilhões em financiamento dos EUA visando lidar com a insegurança alimentar global.

Durante a 27ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP27) no Egito em novembro de 2022, Biden anunciou mais de US$ 150 milhões para acelerar a adaptação e a resiliência em toda a África. O financiamento, por meio do Plano de Emergência do Presidente para Adaptação e Resiliência (Prepare), apoia inúmeras iniciativas visando melhorar a segurança alimentar por meio da agricultura resiliente ao clima.

Discursando no lançamento do Vacs em 1º de fevereiro**, Fowler disse que a pesquisa científica ignorou certas lavouras nutritivas que a pesquisa e o investimento direcionados poderiam tornar mais produtivos na África. Há uma “necessidade urgente de desenvolver lavouras preparadas para suportar os efeitos das mudanças climáticas e as demandas de produtividade agrícola de uma população crescente”, disse ele.

Tuíte:
Embaixadora Josefa Sacko
Tive a honra de discursar na iniciativa Vacs liderada pelo enviado Especial dos EUA, Dr. Cary Fowler, também moderada pela Dra. Lindiwe Sibanda, presidente do Grupo Consultivo de Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR) e ex-alunos da Faculdade Agra. A Vacs se concentra no avanço de lavouras órfãs climaticamente inteligentes e eu apelo ao Sistema Nacional de Pesquisa Agrícola (Nars) africano para apoiar a iniciativa.

Adaptando lavouras

Em um workshop em Roma em 19 de maio, a Vacs reuniu agricultores, especialistas em nutrição, agricultura e clima que selecionaram aproximadamente 60 lavouras candidatas, com base em fatores como nutrição, potencial de melhoramento [vegetal], comercialização econômica, geografia e tipo de solo. A coleção final de lavouras selecionadas para o programa estará sujeita a uma análise mais aprofundada, incluindo a modelagem dos impactos climáticos esperados para os próximos 30 anos.

Os Estados Unidos prometeram US$ 100 milhões iniciais para a Vacs mapear solos saudáveis e férteis que podem reter água, resistir a condições de seca e produzir colheitas mais nutritivas. O investimento também ajudará a identificar variedades de lavouras que podem suportar melhor os impactos climáticos, incluindo temperaturas mais altas, clima extremo e maior pressão de pragas e doenças.

Discursando na cúpula de 9 de maio, a comissária da União Africana para Economia Rural e Agricultura, Josefa Sacko, chamou a Vacs de “muito importante para a África em nossos esforços de adaptação ao clima”. Ela pediu que instituições africanas desempenhem um papel significativo no esforço de pesquisa.

“Precisamos alimentar nossa população. Precisamos alimentar a África”, disse Josefa. “Portanto, é muito importante que tenhamos lavouras adaptadas para que possamos continuar nossa jornada.”

* site em inglês e francês
** site em inglês