“Qual é a origem destes diamantes e quem lucra com eles?”
Essas são perguntas feitas por consumidores, em particular a geração do milênio (nascidos entre 1982 e 1998), que representam uma grande porcentagem dos compradores de diamantes.
Esses consumidores em particular, que hoje estão na faixa dos 20 e 30 anos de idade, exercem um poder crescente como consumidores. Quando se trata de comprar diamantes, eles querem pedras que foram garimpadas de maneira responsável e que não financiaram conflitos armados através de uma venda no início da cadeia de suprimento.
“As pessoas da geração do milênio são mais conscientes de práticas éticas e responsáveis do que a maioria das pessoas de outras gerações”, disse David Bouffard, vice-presidente da Signet Jewelers Limited. Sediada nos EUA, a Signet é a maior empresa varejista de joias com diamantes do mundo. “Há uma expectativa geral de que empresas como a Signet estejam conduzindo negócios com responsabilidade e sejam responsáveis por suas cadeias de suprimento.”
O Processo de Kimberley, sistema internacional para a regulamentação de diamantes, estabelece padrões mínimos para o comércio de diamantes. Ser associado é necessário para importar e exportar diamantes brutos (inacabados). Esse sistema de certificação se destina a impedir a venda e a compra de diamantes cujos rendimentos financiam conflitos violentos. Seu nome advém de um fórum realizado em Kimberley, África do Sul.

Mas a comunidade internacional de diamantes cada vez mais considera que as definições do Processo de Kimberley não vão longe o suficiente para proteger as partes mais vulneráveis da cadeia de suprimento de diamantes. Por exemplo, a definição que o processo dá a diamantes de conflito não aborda abusos realizados por grupos estatais, entre outros, e nem vai além de diamantes brutos, permitindo que aqueles que foram lapidados ou polidos passem despercebidos.
Padrões mais rigorosos
Há um apoio crescente para que os países sigam a Orientação para Devida Diligência, criada pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), como um protocolo mais robusto para garantir a transparência e as fontes de suprimento de maneira ética. Essas diretrizes se aplicam a todos os minerais, incluindo diamantes. E também expandem a definição do Processo de Kimberley para incluir regiões de “alto risco”, como aquelas com instabilidade política, fraqueza institucional e violência generalizada.
“O Conselho Mundial de Diamantes está empenhado em estabelecer um ambiente sustentável e seguro para as comunidades de mineração, e acreditamos que o processo de garantia da OCDE [Orientação para Devida Diligência] é um fator fundamental para o avanço dessa visão”, disse o presidente interino do conselho, Stephane Fischler, em uma declaração. O Conselho Mundial de Diamantes é uma organização internacional criada com o objetivo de impedir que diamantes de conflito entrem no mercado.
Embora seja opcional, a Orientação para Devida Diligência da OCDE é a base para muitos protocolos de suprimento responsável em todo o mundo.
“A Signet tem uma cadeia de suprimentos global ampla e complexa”, disse Bouffard. “Baseamos nossos [protocolos de suprimento responsável] em diretrizes e padrões globais, como a Orientação para Devida Diligência da OCDE. Essa provou ser a melhor prática não apenas para a indústria de joias, mas para todas as indústrias e também para os minerais.”

Tiffany Stevens, presidente e CEO da Comissão de Vigilância de Joalheiros, organização de comércio legal sem fins lucrativos, afirmou que as empresas podem ter certeza de que seus fornecedores estão lidando com diamantes que não financiam guerras ao se recusar a fazer negócios com aqueles que não cumprem suas normas.
“Os grandes protagonistas obviamente têm muita influência sobre seus fornecedores e vendedores para fazer com que eles concordem com práticas responsáveis, mas até mesmo uma pequena empresa pode tomar muitas medidas para garantir o suprimento responsável”, disse ela. “Fazer muitas perguntas a todos ao longo de sua cadeia de suprimento, além de envolver seus clientes finais em uma conversa sobre o que é mais importante para eles, ajuda muito.”
Este artigo foi escrito pela redatora freelance Maeve Allsup.