Contrabandistas de arte, atenção: detetives de NY estão seguindo seu rastro

Nova York, com seus museus e galerias de arte de nível mundial, sempre foi um importante mercado de antiguidades. A maioria das transações é considerada legítima. Uma nova repressão tornará as vendas ilegais uma prática muito mais arriscada e menos lucrativa.

O promotor distrital de Manhattan Cyrus Vance Jr., cujos promotores públicos e detetives vêm ajudando a recuperar várias antiguidades traficadas avaliadas em mais de US$ 150 milhões desde 2012, criou um novo esquadrão policial para combater o roubo de propriedades culturais.

Homem discursa em uma tribuna ao lado e na frente de artefatos de mármore (© Andres Kudacki/AP Images)
O promotor distrital de Manhattan Cyrus Vance Jr. fala ao microfone em uma tribuna. Ao seu lado estão três artefatos de mármore antigos que retornaram ao Líbano décadas após terem sido roubadas (© Andres Kudacki/AP Images)

Retornar tesouros roubados a seus países de origem tem sido uma prioridade dos EUA há muito tempo. Os Estados Unidos atualmente têm acordos com 17 países a fim de proteger e repatriar propriedades culturais exportadas ilegalmente.

“A Unidade de Tráfico de Antiguidades, recém-formada pelo meu escritório, está comprometida a deter o tráfico de antiguidades roubadas de diversas partes do mundo”, afirmou Vance.

A unidade — composta por analistas, advogados, assistentes jurídicos e detetives de polícia especializados em tráfico de antiguidade — reunirá informações sobre redes de tráfico e determinará se os artefatos foram obtidos ilegalmente por comerciantes e colecionadores.

Matthew Bogdanos, assistente da promotoria, lidera a equipe que vai trabalhar com o Departamento de Segurança Interna dos EUA e governos estrangeiros a fim de confiscar e repatriar tesouros saqueados.

Como coronel da Marinha no Iraque em 2003, Bogdanos liderou uma operação para recuperar artefatos roubados do Museu Nacional do Iraque durante o caos que permeou o final da Guerra do Golfo. Ele perseguiu os saqueadores e supervisionou o retorno de quase 2 mil antiguidades iraquianas.

Como vice de Vance, Bogdanos — que possui formação acadêmica avançada em Direito e Letras Clássicas da Universidade de Colúmbia — recuperou tesouros roubados de museus, casas de leilão, feiras de arte e casas de colecionadores abastados que muitas vezes não sabiam que haviam comprado bens roubados.

Devolvendo tesouros ao Líbano

Estátua sem cabeça e sem braço (© Joseph Eid/AFP/Getty Images)
Estátua fenícia repatriada e exposta no Museu Nacional de Beirute no Líbano (© Joseph Eid/AFP/Getty Images)

A jornada que vai do roubo à repatriação é muitas vezes longa. Nova York havia acabado de repatriar para o Líbano três estátuas de mármore escavadas de um templo e roubadas durante a guerra civil daquele país (1975-1990). As estátuas, que datam dos séculos 3o, 4o e 5o, valem mais de US$ 5 milhões.

“Quando você atribui um preço a esses artefatos, é muito fácil esquecer que não são apenas itens valiosos de colecionadores”, disse Vance. “São resquícios raros e célebres da cultura e da história de civilizações inteiras.”

O cônsul-geral do Líbano, Majdi Ramadan, e o principal investigador do Departamento de Segurança Interna dos EUA em Nova York, Angel M. Melendez, juntaram-se a Vance em uma cerimônia de repatriação.

Essas três peças viajaram pelo submundo da arte, antes de serem recuperadas aqui em Nova York, disse Melendez. “Agora é hora de serem devolvidas ao Líbano, seu lar legítimo.”

Os Estados Unidos trabalham com vários outros países, incluindo o Egito, para recuperar seus tesouros roubados.