
Profissionais de arte e cultura da Ucrânia, dos Estados Unidos e de todo o mundo estão envolvidos em uma corrida para salvar os locais mais preciosos da Ucrânia das consequências da guerra não provocada de Vladimir Putin.
O bombardeio constante deflagrado por militares russos na Ucrânia tem causado um sofrimento humano horrível. Bombas têm atingido comunidades em toda a Ucrânia, matando milhares e forçando milhões de pessoas a fugir.
“A situação dos museus e das instituições culturais não é diferente da [enfrentada por] hospitais, escolas e áreas residenciais; estamos todos sob bombardeio”, disse Olesia Ostrovska-Liuta, diretora do Museu de Arte Mystetskyi Arsenal em Kiev, capital da Ucrânia, à BBC.

O bombardeio russo já danificou cerca de 25 obras da artista folclórica ucraniana Maria Prymachenko* que estavam armazenadas no Museu Ivankiv, em Kiev. Picasso a chamou de “milagre artístico”. Outras 25 mil peças de arte foram expostas à neve e à chuva* quando outra bomba foi lançada perto do principal museu de Kharkiv semanas atrás, possivelmente causando danos irreversíveis.
Ucranianos e outros ao redor do mundo têm se mobilizado para evitar mais danos. Ihor Kozhan, diretor-geral de um dos maiores museus da Ucrânia, o Museu Nacional Andrey Sheptytsky em Lviv, disse à Associated Press em março que recebe ligações diárias de outras instituições culturais europeias oferecendo ajuda enquanto ele e sua equipe correm para preservar as obras do museu*. Sua equipe passou dias encaixotando as obras de arte a fim de zelar por sua segurança.

“Para que nossa história e patrimônio sobrevivam, toda a arte deve ir para o subsolo”, disse Kozhan ao The Washington Post*.
Salvaguardar monumentos, sítios e arte
Em Odessa, o diretor do Museu de Belas Artes de Odessa ordenou que arames farpados fossem colocados ao redor do perímetro do museu para evitar a destruição pelas forças russas invasoras. O museu contém 10 mil obras, as mais antigas datam do século 16. Também estão lá: algumas das obras mais raras do mundo do artista de vanguarda Wassily Kandinsky, que passou grande parte de sua infância em Odessa.
No centro da cidade, voluntários empilharam sacos de areia ao redor do monumento público do Duque de Richelieu, caso uma bomba nas proximidades exploda perto demais e os estilhaços resultantes danifiquem o bronze.

Em outros lugares, bibliotecários, arquivistas e pesquisadores estão envolvidos com o grupo Salvar o Patrimônio Cultural Ucraniano On-line*, usando uma combinação de tecnologias para arquivar sites e conteúdo.
“Se perdermos nossa cultura, perdemos nossa identidade”, disse Lilya Onyschenko, chefe do Escritório de Proteção ao Patrimônio da Câmara Municipal de Lviv, ao The Guardian*.
Usando imagens de satélite
O governo dos EUA, educadores e cidadãos estão fazendo sua parte.
Hayden Bassett, curador assistente de Arqueologia do Museu de História Natural da Virgínia e diretor do Laboratório de Monitoramento do Patrimônio Cultural do museu, ajudou a desenvolver um banco de dados geoespacial de bens culturais na Ucrânia.

Especialistas como Bassett, que estudam imagens de satélite, estão monitorando muitos lugares do país, incluindo:
- Igrejas e catedrais
- Mesquitas
- Templos
- Museus
- Monumentos públicos
- Cemitérios
- Centros de arte
- Arquivos
- Sepulturas
- Sítios arqueológicos
“Para os corajosos cidadãos ucranianos que protegem fisicamente seu patrimônio cultural, o que mais é necessário é informação — quando e onde as propriedades culturais são afetadas ou [se tornam] vulneráveis”, disse ele ao UVA Today*.

Mesmo antes da invasão de fevereiro, o governo russo tinha um histórico de tentar reescrever a história da Ucrânia, inclusive na Crimeia, onde a ONU descreveu como bárbaro o tratamento do governo russo aos sítios culturais ucranianos.
Desde 2002, o governo dos EUA forneceu mais de US$ 1,7 milhão para apoiar 18 projetos de preservação cultural na Ucrânia. O apoio é fornecido pelo Fundo dos Embaixadores dos EUA para a Preservação Cultural, um programa do Bureau de Assuntos Educacionais e Culturais do Departamento de Estado dos EUA.
“O patrimônio cultural da Ucrânia é insubstituível, e seu dano ou destruição representariam uma perda profunda para o mundo inteiro*”, disse o secretário de Estado adjunto para Assuntos Educacionais e Culturais, Lee Satterfield.
* site em inglês