Se você estiver dirigindo pelo subúrbio de Garland, em Dallas, Texas, nesta primavera [fevereiro-maio] e for a um lugar chamado Parque Bass, poderá ver algo inesperado.
Crianças estão jogando futebol e famílias estão passeando com seus animais de estimação, como de costume. Mas olhe novamente e poderá ver dezenas de pessoas se reunindo para um jogo raramente testemunhado pelos americanos: críquete.
“O críquete já é popular [no Texas] e está prestes a se tornar muito popular nos EUA”, diz Kumaran “Kenny” Thirunavukkarasu, ex-jogador profissional de críquete que fundou a Academia de Críquete do Texas em 2013 para promover o esporte em seu estado adotivo. “Eu amo tanto o jogo que não posso fazer mais nada”, confessa.
Para muitos americanos, o críquete é tão misterioso quanto o futebol americano é para as pessoas de outras nações. Historiadores acreditam que o críquete se originou na Inglaterra há mais de 400 anos e se espalhou para suas antigas colônias, se tornando particularmente popular no Sul da Ásia e nas Antilhas.
O jogo é semelhante ao beisebol, com os jogadores correndo entre os pontos em um campo depois de acertar uma bola com um taco. A partir daí, as semelhanças terminam em grande parte. Independentemente disso, o críquete é amado por centenas de milhões de fãs espalhados pelo mundo. E agora esse amor está florescendo nos Estados Unidos.

Se tudo correr como planejado, nos próximos anos pode muito bem haver uma Liga Principal de Críquete* nos Estados Unidos, com equipes em cidades como Dallas, São Francisco e Los Angeles. A ideia é importar jogadores profissionais de outros países na esperança de que, com o tempo, mais americanos também joguem nesse nível competitivo.
Por enquanto, o críquete continua sendo mais popular em cidades com uma grande população de imigrantes do Sul da Ásia ou do Caribe. (Muitas vezes, são cidades com prósperas economias tecnológicas locais**.) Hemant Buch e sua esposa, Kinjal, fundaram uma das primeiras organizações de críquete dos EUA — a Academia de Críquete da Califórnia, organização sem fins lucrativos — em 2003 na área da baía de São Francisco, lar de quase meio milhão de descendentes do Sul da Ásia. A Academia, no entanto, está atraindo uma gama maior de jogadores, pois organiza programas em conjunto com parques municipais e departamentos de recreação em lugares como Cupertino, Califórnia, sede da Apple Incorporated, empresa de tecnologia de consumo que fabrica o iPhone.
“Estamos obtendo bastante diversidade”, diz Buch. “Vi uma senhora em um jogo lendo um livro ‘Cricket for Dummies’ (Críquete para iniciantes, em tradução livre), que eu nem sabia que existia.”
As academias do Texas e da Califórnia se concentram em instruir as crianças porque, por qualquer motivo, os jovens atletas tendem a se manter no esporte. Adultos que tentam aprender muitas vezes desistem.
E o críquete não é só para meninos, dizem as academias. De fato, em julho, a equipe feminina sub-19 dos EUA venceu Trinidad para se tornar a campeã invicta do primeiro Campeonato de Críquete Feminino T20 de Estrelas em Ascensão das Antilhas.

É uma velha história americana. Longe dos estádios e dos holofotes, as comunidades imigrantes trazem para os Estados Unidos seu amor pelo esporte e o popularizam entre seus concidadãos. Buch diz que verá jovens brincando nas ruas ou em terrenos baldios ao redor da área da Baía de São Francisco, como costumava fazer.
E Thirunavukkarasu diz que os jogadores mais velhos de sua academia encontraram tempo e espaço para jogar em Dallas que sempre desejaram. “Estão realizando seu sonho”, diz ele.
Este artigo foi escrito pelo redator freelance Tim Neville.
* site em inglês
** site em inglês e chinês