Há um ano, em 16 de março, a Rússia orquestrou um referendo ilegal na Crimeia que violou a Constituição ucraniana e foi condenado pela comunidade internacional. Esta é a quarta de uma série de cinco partes sobre os custos que as ações da Rússia impuseram à Crimeia. A primeira resume a situação um ano depois da ocupação russa. A segunda fala dos desaparecimentos forçados. A terceira, sobre as dificuldades econômicas, intitula-se “Turismo despenca, inflação sobe”.

Depois de orquestrar um referendo na Crimeia, o Kremlin promulgou uma lei que deu aos habitantes da Crimeia apenas um mês para declararem que queriam manter a cidadania ucraniana antes de serem automaticamente declarados cidadãos russos, independentemente de suas preferências individuais.

Os que não quiseram se tornar cidadãos russos enfrentaram diversos obstáculos. Havia apenas quatro escritórios na Crimeia para registrar (site em inglês) a vontade de manter a cidadania ucraniana, contra 160 onde era possível solicitar a cidadania russa.

Quando se conseguia chegar a um desses quatros escritórios, longas filas normalmente significavam que as pessoas não eram atendidas e precisariam voltar, tornando difícil enviar as solicitações antes do prazo de um mês. Aqueles que conseguiam recusar a cidadania russa apesar desses obstáculos eram obrigados a provar que moravam na Crimeia antes de março de 2014. Se não conseguissem provar, poderiam ser expulsos.

Segundo a Human Rights Watch (site em inglês, espanhol e outros seis idiomas), essa lei em vigor significou uma discriminação contra os que optaram por manter a cidadania ucraniana, classificando-os como “migrantes estrangeiros” sem direito garantido de permanecer na Crimeia. Aqueles que se recusaram a renunciar à cidadania ucraniana tornaram-se inelegíveis a benefícios sociais russos (artigo em inglês), incluindo saúde subsidiada pelo Estado, pensões e salários.

A cidadania russa tornou-se necessária para manter empregos públicos, como aqueles na área de educação e saúde, bem como para renovar ou obter documentos essenciais como passaportes, certidões de casamento, carteiras de motorista e registros de veículos. Cidadãos não russos agora precisam obter vistos de entrada e saída para a Crimeia e não podem passar mais do que 90 dias por vez na península, sem garantia de que serão autorizados a voltar.

Os que obtiveram a cidadania russa ficaram sujeitos às exigências do serviço militar da Rússia.

Saiba mais sobre os custos das ações da Rússia na Ucrânia seguindo a hashtag (em inglês) #UnitedforUkraine (#UnidospelaUcrânia).