Em uma carreira humanitária de sucesso, Lora Pappa trabalhou com agências governamentais e organizações não governamentais, bem como o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, visando ajudar aqueles que chegaram à Grécia por terra e mar em busca de uma vida melhor

Um problema era a fonte de sua frustração sem fim: quando refugiados e migrantes procuravam asilo ou precisavam de ajuda jurídica ou médica, muitas vezes não havia ninguém para interpretar suas palavras.
Seus colegas lhe diziam que o problema não poderia ser resolvido, especialmente tendo em conta as inúmeras línguas faladas pelos recém-chegados. Então Lora deixou seu trabalho como consultora da ONU para iniciar a sua própria organização para atender à necessidade da presença de intérpretes.
Hoje, a organização de Lora, METAdrasi (acrônimo para Ação para Migração e Desenvolvimento), emprega 160 pessoas em Atenas e em Lesvos, Samos, Chios e outras ilhas gregas inundadas por refugiados em 2015.

A METAdrasi envia mais de 300 intérpretes certificados — alguns deles ex-migrantes — a campos e centros para ajudar os refugiados a se comunicar com agentes de asilo, policiais, médicos, entre outros. Quinhentos voluntários prestam apoio ao trabalho da organização.
A METAdrasi protege as crianças das garras dos traficantes. A organização já retirou cerca de 4 mil jovens desacompanhados de instalações de detenção para adultos e das ruas para locais mais seguros, reunindo algumas a seus parentes fora da Grécia e colocando recentemente um pequeno número em lares adotivos temporários com famílias gregas. A METAdrasi tem atraído o apoio dos governos de França, Inglaterra e Noruega, além da ONU e do Instituto Helênico-Americano.
Em uma época de crescente nacionalismo e xenofobia, Lora dedicou o Prêmio Norte-Sul do Conselho da Europa, que recebeu em junho, “aos milhares de anônimos gregos, europeus e cidadãos do mundo que se colocam no lugar do ‘outro’” e que arriscam a vida ao fugir de conflitos, da perseguição, da fome ou da pobreza.

Em entrevista por telefone de Atenas, Lora disse: “Nós não podemos deter a migração. Não podemos impedir as pessoas de se mover. É melhor começar a ver o que podemos fazer.”
Os menores desacompanhados, alguns órfãos em viagens arriscadas de suas famílias atravessando o mar, “querem estudar e se estabelecer e, finalmente, começar a pensar no futuro”, disse ela. “Temos de ajudar estes jovens na Grécia e em toda a União Europeia.”
A migração, acrescentou ela, “não é sempre algo negativo. A população da União Europeia está envelhecendo. Eles não podem pagar as pensões. Eles precisam de pessoas jovens neste continente, por isso temos de entender como integrá-los.”
“Abra seus olhos. Converse [com os refugiados]. Aproxime-se deles e diga: ‘Você está tendo algum problema? De onde você vem?’ Nós todos seríamos mais ricos se fôssemos mais abertos.”