Defensoras da comunidade LGBTQI+ na Ásia Central e do Sul

Arundhati Katju e Menaka Guruswamy em frente a uma parede vermelha exibindo repetidas vezes 'Time 100' em referência às cem pessoas mais influentes da revista Time (© Taylor Hill/FilmMagic/Getty Images)
Arundhati Katju (à esquerda) e Menaka Guruswamy participam da gala “Time 100” da revista Time em Nova York em 2019, homenageadas por ganharem um processo histórico de direitos LGBTQI+ na Índia (© Taylor Hill/FilmMagic/Getty Images)

Conheça quatro ativistas que atuam em defesa da comunidade LGBTQI+ e lutam contra a discriminação de gênero na Ásia Central e do Sul.

Através da arte, do litígio e do serviço público, elas promovem a conscientização da necessidade de defender os direitos humanos universais.

Índia: Menaka Guruswamy e Arundhati Katju

Menaka Guruswamy e Arundhati Katju são advogadas que fizeram campanha para acabar com a lei da Índia contra as relações entre pessoas do mesmo sexo.

Em 2016, as advogadas entraram com um pedido em nome de cinco membros da comunidade LGBTQI+. Dois anos depois, a lei de 157 anos que criminalizava seus relacionamentos foi revogada, o que significou um grande ganho para membros da comunidade LGBTQI+ da Índia.

Antes da decisão, infratores enfrentavam penas de prisão de dez anos a prisão perpétua.

Em 2015, as duas ganharam uma decisão judicial a favor de um homem trans que era confinado pelos pais. Agora Menaka e Arundhati estão defendendo a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo no país.

“O litígio, para mim, me dá esperança”, disse Arundhati. “Posso mudar algo de maneira prática e tangível.”

A dupla foi incluída entre as cem pessoas mais influentes da revista Time em 2019.

Quirguistão: Diana Arseneva

Diana Arseneva é a diretora-executiva e coordenadora de Projetos Artísticos da Labrys em Quirguistão. A Labrys é uma ONG que documenta casos de discriminação contra a comunidade LGBTQI+, se engaja em ativismo em âmbito local e internacional, e fornece apoio a comunidades LGBTQI+ naquele país.

Diana Arsenyeva sentada em frente a um quadro-negro decorado com desenhos de pessoas e a palavra 'Labrys' (Cortesia: Labrys)
Diana Arsenyeva, da organização LGBTQI+ Labrys, usa a arte para conscientizar as pessoas sobre questões LGBTQI+ (Cortesia: Labrys)

Em 2020, com o apoio da plataforma Artif, da Geórgia, Diana se juntou a Maksim Finogeev, artista ucraniano, para criar a caminhada memorial LGBTQI+ Mountain of Grief (Montanha da Dor, em tradução livre) perto de Bishkek, na capital do país. O memorial relata episódios de violência que os membros da comunidade vivenciaram. A rota, agora permanente, tem como objetivo gerar empatia e prevenir a violência contra pessoas LGBTQI+.

“Através de projetos de arte, criamos um espaço onde as pessoas podem refletir e decidir por si mesmas que o ódio não é sobre pessoas reais, mas sobre propaganda política e a cultura do ódio”, disse Diana.

A arte proporciona uma oportunidade de abordar assuntos sensíveis que as pessoas podem hesitar em discutir em uma conversa direta.

“A comunicação por meio da arte costuma ser a maneira mais segura para a comunidade LGBTQI+ no Quirguistão se expressar, porque evita dados pessoais e mantém o anonimato”, disse Diana. “Um grande número de pessoas pode se expressar e comunicar suas necessidades, dores e sua realidade sem medo de serem perseguidas.”

Nepal: Bhumika Shrestha

A ativista trans Bhumika Shrestha tem defendido os direitos e a justiça social das minorias de gênero no Nepal desde 2007, e tem ajudado a liderar o movimento pelo reconhecimento da minoria de gênero, em um momento em que o Nepal enfrentava uma reviravolta e um renascimento enormes na esfera política.

Tuíte:
Embaixador Randy Berry
Estou muito feliz em parabenizar a ativista dos direitos trans Bhumika Shrestha, que receberá o Prêmio Internacional Mulheres de Coragem do Departamento de Estado por sua dedicação à comunidade LGBTQI+ no Nepal! Este é o segundo ano consecutivo em que uma nepalesa ganha esse prestigioso prêmio.
@USAmbNepal @StateDept #WomenofCourage  #IWD2022

Graças ao ativismo de Bhumika, em 2007, a Suprema Corte do Nepal decidiu que indivíduos poderiam ser identificados como um terceiro gênero em documentos de cidadania. Na primavera de 2021, ela mudou com sucesso o marcador legal de gênero em sua documentação de cidadania de “outro” para feminino.

Por seus esforços, ela foi incluída entre as ganhadoras do Prêmio Internacional Mulheres de Coragem 2022*.

Entre os que parabenizaram Bhumika: o embaixador dos EUA no Nepal, Randy Berry, que se tornou o primeiro enviado especial dos EUA para os Direitos Humanos das Pessoas LGBTI+ em 2015. O cargo foi o primeiro desse tipo para o governo dos EUA e para qualquer governo em todo o mundo.

* site em inglês