
A maioria dos cientistas pensava que as células do cérebro de mamíferos, uma vez danificadas, nunca poderiam ser reparadas. Mas pesquisadores da Universidade de Stanford, na Califórnia, conseguiram recuperar nervos óticos danificados em camundongos, restaurando a esperança de que tratamentos semelhantes poderiam ajudar as pessoas com glaucoma, Alzheimer e até lesões da medula espinhal.
Como eles fizeram isso? Com dois métodos: acionando um “interruptor de crescimento”, gene que estimula o crescimento de células do sistema nervoso central, e “exercitando” o olho fazendo com que ratos olhem para projeções de imagens arrojadas que dão a impressão de movimento.
“Quando nós combinamos os dois”, disse Andrew Huberman*, o pesquisador-chefe, “vimos esse efeito sinérgico incrível. Os neurônios cresceram atingindo distâncias enormes — 500 vezes mais distante e mais rápido do que o normal”.
Essa estratégia é, na verdade, o que acontece no cérebro em desenvolvimento, disse Russell Van Gelder, da Universidade de Washington, que não estava envolvido com o estudo. “Isso sugere que a interação que ocorreu entre o cérebro e os olhos em desenvolvimento (…) pode ser revivida.”
Vision restored to once-blind mice: https://t.co/i8ZIJCRgsa pic.twitter.com/bA7FFCzw2s
— Stanford Medicine (@StanfordMed) July 18, 2016
Tuíte: Visão restaurada aos ratos outrora cegos: http://stan.md/29Fp791
Os neurônios, ou células nervosas, não somente cresceram, mas pareciam saber exatamente para onde estavam indo durante a regeneração, de acordo com Huberman. Embora sua visão restaurada não tenha ficado perfeita, os ratos do estudo, outrora cegos, passaram por testes básicos de capacidade visual.
O trabalho dá a pesquisadores a esperança de que doenças como glaucoma, que afeta 70 milhões de pessoas em todo o mundo, podem ser revertidas, e que outros tipos de células nervosas do cérebro podem ser recuperadas de maneira semelhante. Isso pode significar que é possível restaurar as vias de memória danificadas por Alzheimer ou recuperar o movimento após uma lesão na medula espinhal.
“Antes, não havia nada que pudéssemos fazer”, disse Zhigang He, coautor do trabalho. “Agora precisamos pensar sobre que tipo de paciente tem mais probabilidade de se beneficiar do tratamento.”
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