Desenvolvendo ações para combater a gripe com uma vacina universal

Funcionário usa luvas e manuseia caixa contendo ampolas (© Carolyn Kaster/AP Images)
Pesquisador do setor de saúde trabalha com uma caixa de cepas de vírus da gripe congelado no Centro de Pesquisa de Vacinas dos Institutos Nacionais de Saúde, em Maryland (© Carolyn Kaster/AP Images)

Há um século, uma pandemia de gripe infectou cerca de um terço da população mundial, matando 50 milhões de pessoas.

Atualmente, 8 mil cientistas rastreiam o surgimento e as oscilações dos vírus da gripe em todo o mundo por meio da Iniciativa Global sobre Compartilhamento de Todos os Dados sobre a Gripe (Gisaid). Esse sistema de vigilância em tempo real é usado por governos, fabricantes de produtos farmacêuticos e profissionais de saúde em todo o mundo a fim de coordenar respostas em caso de um surto.

Como parte da longa ofensiva de pesquisa por parte de cientistas americanos visando prevenir outro surto, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA pediram ao microbiologista Terrence Tumpey que reconstruísse o vírus da gripe de 1918, mais comumente conhecido como gripe espanhola.

Nenhuma cultura completa sobreviveu à pandemia. A linhagem que Tumpey reconstruiu permite que cientistas vejam os marcadores genéticos que a tornaram “um assassino dessa natureza”, como descreveu Tumpey.

Pacientes deitados em leitos em um hospital de emergência em 1918 (© Museu Nacional de Saúde e Medicina/AP Images)
Pacientes com gripe lotam um hospital de emergência perto de Fort Riley, em Kansas, em 1918 (© Museu Nacional de Saúde e Medicina/AP Images)

Usando o vírus reconstruído, os pesquisadores descobriram que o vírus H1N1 de 2009, a cepa que causou o surto de gripe suína há apenas uma década, é um descendente do vírus H1N1 de 1918. Agora os cientistas podem rastrear o surgimento de cepas com marcadores genéticos semelhantes a fim de detectar a possibilidade de uma pandemia antes que o vírus possa se disseminar amplamente.

O compartilhamento de dados como o realizado pelo Gisaid também ajuda os cientistas a desenvolverem melhores vacinas. Por exemplo, cientistas do Hemisfério Norte monitoram de perto a temporada de gripe no Hemisfério Sul, que vai de maio a agosto, visando prever quais linhagens provavelmente aparecerão no Hemisfério Norte em outubro. Em seguida, os fabricantes de vacinas fazem alterações na vacina daquela temporada a fim de proporcionar proteções contra as cepas que circulam na região ao sul do Equador.

Em fevereiro de 2018, o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas revelou seu Plano Estratégico Universal de Vacinas contra a Gripe*, delineando prioridades de pesquisa e requisitos para o desenvolvimento de uma vacina universal.

Essa vacina se constituiria em uma única dose que poderia proteger os pacientes, ao longo de toda a vida, de várias estirpes de vírus da gripe que existam ou que possam existir no futuro. Isso eliminaria a necessidade de vacinas contra a gripe sazonal anual e enfraqueceria a ameaça de outra pandemia semelhante à de 1918.

“Nenhum outro país tem a profundidade de conhecimentos científicos ou técnicos que possuímos”, disse o fundador da Microsoft, Bill Gates, em 2018, ao anunciar uma doação de US$ 12 milhões a cientistas que buscam desenvolver uma vacina universal. Ele enfatizou o papel de liderança que os EUA desempenham “na criação do tipo de sistema de prontidão e resposta à pandemia de que o mundo precisa”.

* site em inglês