Design universal atrai construtores imobiliários

Balcões com diferentes níveis em ilha de cozinha (© Susanne Tauke/LIFEhouse™)
O assento no nível da cadeira em uma ilha da cozinha é mais seguro do que o assento de banquinho. Os balcões de altura variável também facilitam a preparação dos alimentos para mais pessoas (© Susanne Tauke/LIFEhouse™)

O falecido Ron Mace, que sobreviveu à poliomielite e usava uma cadeira de rodas, definiu e popularizou o design universal, o qual ele chamou de “abordagem de bom senso para tornar tudo o que projetamos e produzimos utilizável por todos na medida do possível”.

Mace foi um arquiteto americano que pressionou para que houvesse recursos em casas e apartamentos que pudessem ser usados ​​por qualquer pessoa independentemente de sua idade, altura, tamanho ou deficiência. Depois de alguns anos em sua profissão, ele ampliou seu foco e defendeu a construção de códigos que exigissem esses recursos em casas construídas em seu estado natal da Carolina do Norte e outros estados. Sua filosofia influenciou o design de um importante centro de artes e as adaptações que foram feitas no Capitólio dos Estados Unidos.

O trabalho de ativismo de Mace prognosticou a aprovação de leis federais, como as Emendas à Lei do Direito à Moradia (1988) e a Lei dos Americanos com Deficiência (ADA, 1990), que proíbem a discriminação contra pessoas com deficiências físicas.

Enquanto a ADA elimina as barreiras arquitetônicas existentes em instalações públicas, os princípios de design universal de Mace influenciam cada vez mais residências particulares para uma única família, bem como produtos de consumo tão diversos como calçados esportivos que podem ser colocados facilmente, sem o auxílio das mãos ou produtos de beleza para todos os tons de pele*.

Grande conquista para residências

Casas que aderem aos princípios de design universal acomodam pessoas em todas as fases da vida, permitindo que envelheçam no mesmo lugar. As ideias de Mace ganharam terreno em outros países, especialmente aqueles com populações idosas. Nos últimos anos, escritórios de arquitetura em Japão, Reino Unido, Espanha, Itália e Canadá bem como nos Estados Unidos — têm desenvolvido projetos premiados que empregam o design universal.

As arquitetas Danise Levine e Beth Tauke, que lecionam na Universidade Estadual de Nova York em Buffalo e trabalham no Centro para Design e Acesso Ambiental Inclusivos da universidade, disseram que os proprietários de imóveis residenciais dos EUA exigem cada vez mais recursos de design universal. E, se incorporado em uma nova construção, o design universal economiza dinheiro porque alterações não serão necessárias o proprietário alcança uma idade mais avançada.

Duas pias de banheiro com cubas em níveis diferentes (© Susanne Tauke/LIFEhouse™)
Pias de banheiro com níveis variados facilitam realizar os cuidados pessoais para uma variedade maior de pessoas (© Susanne Tauke/LIFEhouse™)

O design universal é mais comum em casas recém-construídas, diz Danise. “Proprietários de imóveis residenciais que incorporam recursos de design universal em casas existentes geralmente fazem isso em estágios, priorizando as áreas que eles acham que os beneficiarão mais.

Danise e Beth apontam, como características populares, plantas de casas com somente um andar e plantas abertas, portas e corredores mais largos, banheiros sem barreiras e até maçanetas com puxadores em formato de alavanca, que são mais fáceis de segurar do que maçanetas redondas.

Elas disseram que muitos proprietários de casas mais antigas começam modificando banheiros substituindo a banheira por um chuveiro em que não há obstrução ou em não que haja a necessidade de subir algum degrau a fim de evitar quedas. Ou então os proprietários adicionam um assento debaixo do chuveiro, barras de apoio e piso antiderrapante.

Pessoas martelando coluna em uma casa em construção (© Rick Scuteri/AP Images)
Voluntários da Habitat para a Humanidade constroem uma casa no Arizona. Todas as residências da organização utilizam elementos do design universal (© Rick Scuteri/AP Images)

Casas projetadas com base no design universal são mais fáceis de viver para famílias jovens, idosos, “e todas as outras pessoas no meio desses dois opostos”, disse Beth. Não há escadas uma vantagem de segurança. E essas casas são mais fáceis para se fazer a limpeza e a manutenção.

Em meio a uma pandemia que tem forçado muitas pessoas a passar muito mais tempo em suas casas, as vantagens do design universal especialmente na arquitetura residencial — se tornaram mais evidentes do que nunca.

* site em inglês