As mortes relacionadas à Aids diminuíram 45% desde que atingiram o pico em 2005, e a taxa de novas infecções pelo HIV entre adultos parou de aumentar. Mas, apesar do progresso alcançado nesta e em outras áreas, as adolescentes e as mulheres jovens continuam a ser desproporcionalmente afetadas pelo HIV na África Subsaariana.

Na verdade, elas representam 1 em cada 5* novas infecções por HIV na África, e em alguns países a probabilidade é até 14 vezes maior de elas serem infectadas pelo HIV.

De acordo com Nora Toiv, assessora de gênero no Escritório do Coordenador de Atividades Globais de Combate à Aids e para a Diplomacia da Saúde dos EUA*, a infecção pelo HIV está ligada à desigualdade de gênero, em parte devido às normas de gênero que desvalorizam as mulheres e à falta de conhecimento que faz com que os jovens se envolvam em comportamento de risco.

Há “atitudes arraigadas em relação às mulheres. O valor associado a mulheres e meninas é muito menor do que aquele relativo a meninos — e isso acontece desde o nascimento “, disse Nora. Por exemplo, “há a expectativa de que as meninas façam todas as tarefas de casa, e se há dinheiro para frequentar a escola, a família acaba enviando os meninos.”

Mulher andando com o bebê no colo (© AP Images)
Uma mãe portadora do HIV anda com sua filha no colo em uma favela de Nairóbi, Quênia. Fazer testes para o HIV é fácil em países apoiados pelo Pepfar (© AP Images)

Além disso, há um “tabu enorme” em torno de sexo e doenças sexualmente transmissíveis. “É por isso que estamos fazendo intervenções juntamente com pais e cuidadores (…) para ajudar os pais a conversar com seus filhos sobre violência sexual e falar sobre HIV”, disse Nora.

Dados do Plano de Emergência do Presidente dos EUA para o Combate à Aids (Pepfar) apoiaram as pesquisas sobre Violência contra as Crianças em 11 países e descobriram que uma média de 1 em cada 3 mulheres jovens relataram a sua primeira experiência sexual como forçada ou coagida. Nora disse que muitas meninas enfrentam “pressão cultural” para ter relações sexuais em uma idade precoce. Isso leva ao “ciclo de transmissão” quando os jovens que tiveram relações sexuais com uma mulher infectada de sua própria idade estão, por sua vez, infectando mulheres que muitas vezes são 10 anos mais jovens do que eles.

A falta de acesso a empregos que garantam um salário fez com que algumas jovens se voltassem para o trabalho sexual, bem como o sexo transacional em troca de alimentos, roupas ou outros bens. Este é também um vetor que favorece a infecção.

Além de trabalhar para melhorar a igualdade de gênero e educação sobre os riscos do HIV, “a única coisa que todas as pessoas podem fazer é realizar um teste de HIV”, disse Nara. Isso é fácil em países que são apoiados pelo Pepfar*.

O Escritório do Coordenador de Atividades Globais de Combate à Aids e para a Diplomacia da Saúde dos EUA, que lidera a implementação do Pepfar, tem uma parceria estratégica que visa reduzir as infecções pelo HIV entre meninas adolescentes e mulheres jovens em 10 países da África Subsaariana (Quênia, Lesoto, Malawi, Moçambique, África do Sul, Suazilândia, Tanzânia, Uganda, Zâmbia e Zimbábue). Esses países foram responsáveis por quase metade das novas infecções pelo HIV entre meninas adolescentes e mulheres jovens em 2014.

A parceria Dreams* potencializa os recursos e a experiência dos parceiros filantrópicos e do setor privado visando um maior impacto. Até agora, a parceria atingiu mais de 1 milhão de meninas adolescentes e mulheres jovens com serviços de prevenção do HIV.

* site em inglês