Agricultores ucranianos como Anatolii Kulibaba de Bilka, vilarejo situado no oblast (província) de Lviv, sofrem com a tragédia após a invasão em grande escala da Rússia. Um bombardeio militar russo matou seu filho de 45 anos e tropas russas ocuparam sua propriedade rural*, deixando grande parte em ruínas.
“Meus campos foram destruídos pelo bombardeio”, Kulibaba disse à rádio NPR.
A Maxar Technology, empresa de tecnologia espacial com sede em Westminster, Colorado, divulgou imagens de satélite* no início de junho. Elas mostram os danos da guerra de escolha de Vladimir Putin, que tem como alvo propriedades rurais ucranianas com ataques aéreos.

Usando imagens da Nasa, a Maxar estima que, em comparação com os números de 2021:
- Agricultores ucranianos plantaram 30% menos em relação à safra prevista para a primavera.
- A produção de milho caiu 54%.
- A produção de girassol caiu 40%.
A invasão, que começou em 24 de fevereiro, não apenas destruiu muitos campos ucranianos, mas também interrompeu o plantio para a safra da primavera e o transporte de estoques de grãos existentes, disse a Maxar.
Propriedades rurais são deliberadamente visadas
Trinta por cento das terras agrícolas da Ucrânia estão ocupadas por forças militares russas ou estão vulneráveis, de acordo com o Ministério da Agricultura do país.
Algumas áreas são mais atingidas. Em Zaporizhzhia, oblast localizado no sudeste da Ucrânia, as tropas russas ocupam 85% das terras agrícolas do oblast, informou a Voz da América.
Zaporizhzhia normalmente produz 2,4 milhões de toneladas de trigo anualmente. Este ano, os agricultores preveem que a produção chegará a apenas 236 mil toneladas.
Na vila de Shestakove, 30 km a nordeste de Kharkiv, imagens de satélite adquiridas em abril sugerem “um ataque deliberado* a uma grande instalação de produção agrícola” chamada fazenda leiteira Agromol, segundo o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS, na sigla em inglês).
O CSIS estima que o bombardeio russo danificou severamente seis dos 20 galpões de gado na fazenda leiteira Agromol. A propriedade rural é uma das maiores produtoras de laticínios da região.
Relatos de roubo de grãos pela Rússia
A Maxar disse que suas imagens de satélite, vistas abaixo, também mostram como o governo Putin continua a retirar grãos da Ucrânia e transportá-los para outras regiões do mundo.

À esquerda, imagens de satélite mostram um navio graneleiro com bandeira da Rússia ancorado no porto da Crimeia de Sebastopol, controlado pela Rússia, sendo carregado com grãos. Dias depois, a Maxar disse que seus satélites coletaram imagens do mesmo navio ancorado na Síria, com suas escotilhas abertas e caminhões alinhados prontos para transportar os grãos (na imagem à direita).
Causando uma crise global
Estima-se que 400 milhões de pessoas em todo o mundo dependem da Ucrânia para seu suprimento de alimentos, de acordo com o Programa Mundial de Alimentação das Nações Unidas (PMA), que informou que a guerra aumenta os preços dos alimentos e da energia, e contribui para a instabilidade econômica e alimentar em várias regiões do mundo.
“As balas e bombas que atingiram a Ucrânia podem levar a crise da fome global a níveis além de qualquer coisa que já vimos antes”, disse o diretor-executivo do PMA, David Beasley, em março.
O governo dos Estados Unidos está atuando em várias frentes a fim de enfrentar a insegurança alimentar global. Isso inclui.
- Fornecer US$ 2,6 bilhões* em nova assistência humanitária para segurança alimentar desde o início, em fevereiro de 2022, do último ataque da Rússia à Ucrânia.
- Adotar medidas para aumentar a produção de fertilizantes e incentivo aos parceiros a fazerem o mesmo.
- Juntar-se aos aliados do G7 visando aumentar a assistência humanitária e de desenvolvimento para a segurança alimentar.
- Focar na insegurança alimentar causada por conflitos durante a Presidência dos Estados Unidos do Conselho de Segurança da ONU em maio.
* site em inglês