Dica do #BlackLivesMatter: desenvolva uma comunidade em torno de sua causa

O movimento “Vidas Negras Importam” (Black Lives Matter*) começou com uma hashtag depois que um tribunal na Flórida em 2013 absolveu o assassino de Trayvon Martin, jovem afro-americano. Inicialmente com um foco em como os policiais tratam as minorias raciais, o movimento cresceu e adquiriu um âmbito internacional. As divisões locais escolhem suas próprias prioridades, que incluem questões relacionadas a gênero, identidade e desigualdade social.

Duas das líderes do movimento, a coordenadora regional da Cidade de Nova York Monica Dennis e a organizadora Patrisse Cullors, explicaram recentemente o crescimento do movimento e como outros ativistas podem adaptar suas técnicas. Elas falaram para uma plateia on-line que se reuniu na sede da União Africana em Adis Abeba, na Etiópia, para uma discussão interativa patrocinada pelo Departamento de Estado dos EUA.

As pessoas tendem a se organizar em torno da energia e do entusiasmo, Monica falou ao grupo, mas qualquer ação direta sustentável ou campanha de protesto “precisa estar fundamentada inicialmente no desenvolvimento de relacionamentos. (…) Nós dispendemos tempo desenvolvendo relacionamentos autênticos.

“Somos uma rede”, acrescentou Monica. “Isso significa que as pessoas têm a oportunidade de identificar quais questões as impactam mais e qual a melhor abordagem para suas comunidades.”

Utilizando os talentos de todas as pessoas

A fim de desenvolver uma rede forte, os organizadores precisam aproveitar ao máximo o talento de cada integrante. Isso significa conhecer os pontos fortes dos integrantes das equipes e permitir que eles contribuam naquilo que podem ser mais eficazes. “Se você não é uma pessoa que se enxerga protestando na escadaria do tribunal, mas é um designer gráfico, você pode ajudar a desenvolver os principais anúncios e a presença na mídia”, disse ela. “Se você é uma pessoa que pode oferecer assistência a crianças, há algo para você fazer.”

Uma manifestante na Georgia em 2014 com as palavras “Vidas Negras Importam” escritas no rosto. Os ativistas aconselham a se juntar a outros, uma vez que individualmente as pessoas podem ser desmoralizadas mais facilmente (© AP Images)

Desenvolver uma comunidade com foco nos direitos humanos requer considerações adicionais. Uma delas é assegurar que haja espaços para cura, especialmente onde a dor e a desigualdade têm sido internalizadas há gerações.

“Estamos usando a música e a técnica de narrar histórias e todas as metodologias de nossas práticas tradicionais e indígenas para nos ajudar a enxergar nossa própria agência, enxergar nossa própria voz e nos sentirmos empoderadas para liderar”, afirmou ela.

Na divisão em que Monica se encontra, os integrantes e simpatizantes realizam um evento frequente denominado “livros e café da manhã”, no qual compartilham ideias, desenvolvem conscientização e têm debates juntamente com comida e companheirismo.

Patrisse Cullors enfatizou a importância da comunidade. As pessoas que trabalham individualmente geralmente acabam desmoralizadas, observou ela, ou sentem que não estão fazendo o suficiente. Elas precisam de uma comunidade para sustentar seu trabalho.

“Tudo o que eu quero dizer é junte-se a alguma coisa”, declarou ela. “Quando você adere a alguma organização, isso é muito mais poderoso”, e há “muitas pessoas realizando um trabalho incrível no mundo”.

“Embora a luta por justiça possa ser árdua e às vezes dolorosa e desestabilizadora, nós também nos divertimos muito”, acrescentou Monica. “Nós nos certificamos de ter alegria, celebração e risadas em tudo o que fazemos.”

*site em inglês