Primeira parada de Donald Trump no dia da posse será na ‘Igreja dos Presidentes’

A Constituição dos EUA garante liberdade de religião e proíbe a instituição de qualquer religião nacional. Mas a separação entre Igreja e Estado não impede que os líderes nacionais orem em público.

O presidente Franklin Roosevelt acena em carro com Eleanor Roosevelt (© AP Images)
O presidente Franklin Roosevelt, primeiro presidente a participar de uma missa na Igreja de São João no dia da posse, acena enquanto ele e a primeira-dama, Eleanor Roosevelt, dirigem-se para sua cerimônia de posse em 20 de janeiro de 1941 (© AP Images)

Uma das tradições americanas mais reverenciadas é a do presidente recém-eleito participar de uma cerimônia na Igreja Episcopal de São João, o imponente edifício amarelo com cata-vento dourado no Parque Lafayette, perto da Casa Branca.

Todo chefe do Executivo desde James Madison, o quarto presidente americano, participa de pelo menos uma cerimônia nessa igreja, e o presidente eleito, Donald Trump, manterá o costume iniciado por Franklin D. Roosevelt em 1933 de participar de uma missa na manhã do dia da posse.

O vice-presidente eleito, os nomeados para o secretariado e seus conjugues também costumam participar. Os Trumps vão se sentar no Banco 54, que é reservado para o presidente e marcado com uma placa. Não é a primeira fila, mas oito para trás.

A igreja, projetada por Benjamin Latrobe, o arquiteto do Capitólio, foi inaugurada em 1816, no penúltimo ano da Presidência de Madison.

O presidente George W. Bush e a primeira-dama acendem vela dentro de igreja (© Eric Draper/AFP/Getty)
O presidente George W. e Laura Bush acendem vela em cerimônia no primeiro aniversário dos ataques de 11/9 (© Eric Draper/AFP/Getty)

A conveniência pode ter sido uma das razões pelas quais a igreja, Monumento Histórico Nacional, ganhou esse apelido, mas o presidente George H.W. Bush e vários outros presidentes participaram de cultos regularmente na São João ao longo de dois séculos.

Abraham Lincoln se refugiava na igreja para rezar em solidão durante a Guerra Civil, segundo o livro de Richard Grimmett, St. John’s Church, Lafayette Square: The History and Heritage of the Church of the Presidents [Igreja de São João, Praça Lafayette: A História e a Herança da Igreja dos Presidentes]. Lyndon Johnson foi a uma cerimônia religiosa que ele pediu para ser realizada no dia seguinte ao assassinato de John Kennedy em novembro de 1963.

Vista frontal de igreja (© Carol M. Highsmith/Buyenlarge/Getty)
A igreja, projetada por Benjamin Latrobe, data de 1816 (© Carol M. Highsmith/Buyenlarge/Getty)

Latrobe projetou a São João no formato de cruz grega com teto circular e cúpula pequena. Essa parte está preservada, mas o desenho de Latrobe foi logo alterado com a inclusão de nave, colunata e campanário.

Atualmente cercada por prédios de escritório, a igreja de estuque amarelo se destaca com suas colunas e o campanário que lhe dão um ar de Nova Inglaterra. Somente os 2,8 hectares do Parque Lafayette e a Avenida Pensilvânia a separam do gramado da Casa Branca. O Monumento a Washington paira atrás da mansão do Executivo.

A Igreja de São João, que acomoda 600 pessoas, é uma paróquia ativa, não um museu, com 1.200 pessoas registradas.