‘Dor insuportável’ dentro das prisões iranianas

Esmail Bakhshi permanece na prisão hoje por se expressar sobre a tortura em prisões iranianas.

Forças iranianas prenderam e espancaram brutalmente Bakhshi por ter participado em um protesto trabalhista na cidade de Ahwaz no sul do Irã. Por três dias, ele ficou impedido de se mover na solitária.

“A dor era tão insuportável que tornou o ato de dormir impossível”, ele postou em uma mídia social em janeiro, relembrando seus 25 dias na prisão. “Semanas após minha libertação, ainda sinto uma dor intolerável nas minhas costelas fraturadas, na orelha esquerda e nos testículos.”

Logo após aquela postagem, forças de segurança prenderam Bakhshi novamente, relatou o Centro para Direitos Humanos do Irã*. “Em vez de punir aqueles que cometem atos de tortura, as autoridades iranianas punem as vítimas de tortura”, disse Hadi Ghaemi, diretor-executivo do grupo.

Tuíte:
Centro para Direitos Humanos do Irã: O ativista dos direitos dos trabalhadores Esmail Bakhshi está detido no Irã desde janeiro de 2019. Ele foi preso por defender pacificamente os direitos trabalhistas e declarar publicamente que foi torturado sob custódia do Ministério da Inteligência – onde permanece até hoje. #Iran #FreeEsmailBakhshi @ICHRI IranHumanRights.org

Bakhshi está entre mais de 800 prisioneiros políticos e prisioneiros de consciência que são rotineiramente torturados na prisão. O Relatório sobre Direitos Humanos 2018, do Departamento de Estado dos EUA, com o respaldo de provas de inúmeras organizações internacionais de direitos humanos, revela atos generalizados de tortura, estupro e outras condições desumanas dentro das prisões do Irã.

‘Tortura cruel e prolongada’

O Relatório sobre Direitos Humanos 2018, do Departamento de Estado, considera as alas 209 e 2 da Prisão de Evin locais onde testemunhas afirmam que a Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) pratica atos de tortura cruéis e prolongados contra adversários políticos do regime iraniano, como: 

  • Ameaças de execução ou estupro.
  • Privação do sono.
  • Eletrochoque e queima da pele.
  • Espancamentos severos e repetidos.

Outra técnica da IRGC é chamada de “cama milagrosa”, que inclui amarrar os detentos a uma armação de cama e açoitá-los e eletrocutá-los repetidamente até “confessarem”, segundo o relatório.

De onde vem esse ‘comportamento animalesco’?

Em fevereiro, guardas prisionais espancaram 20 presidiárias na Prisão de Gharchak e as colocaram na solitária sem alimentação, calefação ou assistência médica por terem planejado um pequeno protesto relativo a sua data de soltura, segundo o Centro para Direitos Humanos do Irã*.

Uma delas, Elham Ahmadi, recebeu 148 chicotadas por ter se expressado sobre as condições inóspitas na prisão. Ela está entre 208 membros da Ordem dos Sufistas Gonabadi do Irã condenados à prisão por participar de um protesto em 2018.

Tuíte:
Masih Alinejad: No Irã, isso é o que acontece quando se fala nas condições terríveis de uma prisão. Elham Ahmadi, dervixe presa na notória Prisão de Gharchak, relatou as condições da prisão, pelas quais foi condenada a receber 148 chicotadas. Enquanto isso, as autoridades negam a existência de tortura. #ElhamAhmadi @AlinejadMasih

“É mesmo necessário incitar os guardas e usar gás lacrimogêneo em um espaço fechado e colocar em perigo a vida dos prisioneiros por causa de um pequeno protesto na Prisão de Gharchak?”, perguntou o jornalista iraniano Mahtab Gholizadeh em um tuíte**. “De onde vem esse comportamento animalesco?”

* site em inglês e persa
* site em persa