Nascido em Nova York e criado em Wisconsin, o dramaturgo Ayad Akhtar é filho de pai e mãe paquistaneses que deixaram o Paquistão na década de 1960. Akhtar resistiu por um longo tempo em explorar a religião em seu ofício. Até que um dia escreveu uma peça de teatro cujos personagens principais escondem suas raízes muçulmanas. Essa peça, Disgraced, ganhou um Prêmio Pulitzer.
Akhtar cresceu no período anterior a 11 de setembro, quando “a identidade religiosa era menos angustiante do que hoje”, afirma Nelson Pressley, crítico de teatro do Washington Post*, oferecendo pistas para que se possa entender a evasão anterior do dramaturgo em relação a temas religiosos em sua obra.
Por sua própria admissão, Akhtar lutou para encontrar sua voz como escritor. Porém, assim que começou a perceber as maneiras pelas quais sua própria origem muçulmana moldava sua identidade, ele encontrou um tema poderoso que, desde então, influencia grande parte de sua dramaturgia.
Disgraced — que o crítico de teatro do New York Times* Charles Isherwood diz que “se agita com sagacidade e inteligência” — conta a história de um advogado corporativo que esconde suas raízes muçulmanas dos colegas de trabalho, resultando em um efeito desastroso. A peça já foi produzida em Chicago, Londres, Berlin e Hamburgo, dentre outras cidades, e recentemente estreou em Washington.

Outras peças de autoria de Akhtar abrangem territórios semelhantes, oferecendo uma dimensão completa para os sentimentos conflitantes dos personagens. The Who & The What se centra em um conflito entre pai e filha, ambos de origem paquistanesa e americana, e assim examina o papel das mulheres no Islã. The Invisible Hand conta a história de um banqueiro americano do setor de investimentos que é feito refém no Paquistão e do homem que o sequestra.
Em 2014, Akhtar tinha três peças sendo encenadas na Broadway ao mesmo tempo, um feito raro para um dramaturgo.
As peças de Akhtar não fornecem respostas fáceis para perguntas difíceis, e suas observações sobre a identidade dos muçulmanos americanos às vezes desagrada os seus conterrâneos muçulmanos, diz ele ao Washington Post — mas “isso não quer dizer que eu esteja tentando ter posições contrárias. Estou apenas tentando escrever o que acredito que esteja realmente acontecendo”.
Enquanto isso, novos projetos estão a caminho. Ele está escrevendo um piloto de uma série original (Capital) para o canal de tevê a cabo HBO e uma peça (Junk: The Golden Age of Debt), e ambos prometem direcionar os holofotes para a sociedade capitalista.
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