Sobreviventes do ebola na Libéria recuperam a visão com o auxílio dos EUA

William, funcionário de um hospital em Monrovia, Libéria, contraiu ebola enquanto atendia aos pacientes, durante o surto há três anos. Ele teve a sorte de sobreviver. Mas, poucos meses depois de confirmada sua cura, ele começou a apresentar problemas de visão.

William não foi o único. Vários sobreviventes do ebola, agora, sofrem de uveíte – uma inflamação no interior do olho. Alguns também desenvolveram catarata, resultando em cegueira legalmente reconhecida. Um esforço apoiado pelos EUA está ajudando os sobreviventes a recuperarem a visão.

Jovem observa um gráfico usado para avaliação de visão, enquanto um homem em jaleco azul aponta para uma sequência de letras (Joshua Yospyn/JSL)
Steven Yeh, oftalmologista do Centro para os Olhos da Emory, avalia um paciente em Foya, área rural na região do extremo norte da Libéria (Joshua Yospyn/JSL)

Um grupo de fornecedores de assistência médica liberianos foi treinado para realizar cirurgia de remoção de catarata, mas, o processo é complicado, pois o vírus do ebola ainda pode estar presente no olho do paciente. No último trimestre de 2017, cirurgiões que realizam remoção de catarata, oftalmologistas e especialistas de laboratório da Universidade Emory no estado da Geórgia, e dos hospitais da Universidade Johns Hopkins no estado de Maryland, vieram para a Libéria para prestar auxílio.

O esforço liderado pela Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) é parte do programa que trata dos pacientes e, também, treina os servidores liberianos da saúde em oftalmologia e outras capacidades, para que futuramente sejam capazes de abordar os problemas de saúde por si mesmos.

Homem em jaleco azul de cirurgião conversa com um grupo de pessoas (Joshua Yospyn/JSL)
Ian Crozier, médico infectologista que contraiu ebola enquanto estava na África, conversa sobre a doença com pessoas em um centro de atendimento comunitário na Libéria (Joshua Yospyn/JSL)

Outro sobrevivente do ebola, Levi, perdeu sua esposa, seus pais e seu irmão em razão do ebola. Agora, ele precisa cuidar de seus dois filhos, bem como dos três filhos de seu irmão. Para Levi, uma visão clara é crucial, para que possa encontrar trabalho a fim de dar suporte a todos. “Mesmo que eu consiga um trabalho de zelador, estarei feliz, porque poderei mandar minhas crianças para a escola”, ele disse.

Três pacientes usando tampão ocular, sentados e esperando em uma sala ao ar livre (Joshua Yospyn/JSL)
Sobreviventes do ebola, Beatrice (esquerda) e William (centro) esperam, durante uma avaliação pós-cirúrgica, em um hospital em Monrovia, Libéria. Ambos passaram por cirurgia para remoção de catarata no dia anterior (Joshua Yospyn/JSL)

Como muitos outros sobreviventes, Beatrice enfrentou o estigma e a discriminação na sua comunidade depois que recebeu alta da Unidade de Tratamento de Ebola. Depois disso, Beatrice enfrentou três anos de cegueira quase total. A cirurgia permitiu que ela visse o seu recém-nascido pela primeira vez. “Posso cuidar dos meus filhos, caminhar sozinha, ir ao mercado, vender, fazer qualquer coisa”, disse ela.

No dia seguinte às suas cirurgias, William, Levi e Beatrice despertaram com a visão mais clara e uma grande vontade de retornar ao cotidiano, como faziam antes de contrair o ebola.

“Eu estava um pouco assustado quando fui internado”, disse Willian, que foi um dos poucos pacientes que precisou fazer cirurgia de catarata nos dois olhos. “Eu pensei que doeria, ou que meu olho iria explodir, pois essa foi a história que ouvi das pessoas, que me desencorajou. Mas, isso não aconteceu. Agora, nesta manhã, eu posso ver claramente.”

Levi exortou outros sobreviventes que estão sofrendo de catarata a considerarem a cirurgia. “Eles não devem temer”, disse ele. “Eles devem vir e se livrarem da escuridão.”

Uma versão mais longa dessa história pode ser encontrada no site da Usaid*.

* site em inglês