Eles não tiveram a intenção de tornar as coisas invisíveis. Simplesmente aconteceu.

O acadêmico de pós-doutorado Chao Wang corta uma amostra do material com película autocurativa desenvolvido no laboratório Bao

Força supernatural, cura e invisibilidade – partes integrantes de um dia de trabalho para cientistas de materiais apresentados no We the Geeks, uma série de bate-papos on-line (webchats) que destaca tópicos discutidos no Escritório de Ciência e Tecnologia da Casa Branca. O escritório presta assessoria ao presidente sobre assuntos ligados à ciência e tecnologia.

“Estamos dominando o assunto. Tenho orgulho de ser geek, e a série é sobre isso”, disse Phil Larson, assessor de política para espaço e inovação e um dos produtores de “We the Geeks” (Nós os Geeks, em tradução livre). “Mais recentemente, ele e seus colegas organizaram um Google Hangout, ou bate-papos on-line, com um explorador de oceanos a cerca de 18 metros de profundidade. Eles também conversaram com cientistas estudantes e pioneiros da Tecnologia, Matemática e Engenharia de outros países.

Alguns dos geeks, em colaboração com especialistas em universidades dos Estados Unidos, estão concretizando o que antes era apenas imaginado na ficção científica. Confira os projetos:

Força

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Universidade de Delaware

O professor de engenharia química Norman Wagner coinventou a armadura líquida na Universidade de Delaware com um cientista do Exército dos EUA. O “fluido de espessamento” é composto de nanopartículas de cerâmica concentradas que endurecem com o impacto – impedindo a penetração de balas, facas, estilhaços, picaretas e perigos tão leves como uma agulha.

Já que a armadura líquida protege as pessoas em situações de alto risco, “você tem de se preocupar com todas as maneiras que se pode usá-la: armazenando-a em um porta-malas em um dia quente de verão, colocando-a em água fria”, disse Wagner. “Será que vai durar?”

Além de sua utilização prevista em roupas para as forças militares e a polícia, a armadura líquida poderá ser adicionada a luvas médicas para proteger os milhares de médicos e enfermeiros que acidentalmente são cortados por agulhas a cada ano. Alguns contraem HIV, hepatite e outros patógenos que podem levar à doença e à morte. A capacidade de blindagem do fluido também pode ser útil para naves espaciais e roupas de astronautas, onde micrometeoritos e detritos meteóricos representam riscos graves.

“É uma excelente oportunidade para transformar uma pesquisa fundamental em um produto que beneficia as pessoas”, disse Wagner.

Cura

“Podemos imitar a pele humana?”, perguntou Chao Wang, pesquisador de pós-doutorado em ciência dos materiais na Universidade de Stanford. Ele e uma equipe de químicos e engenheiros fizeram uma pele sintética que é sensível ao toque e possui a propriedade de autocura, como a pele humana. Um cruzamento entre um metal e plástico, o material de cor cinza restaura-se mesmo depois de múltiplas incisões de bisturi. Na verdade, ele cura muito mais rápido do que a pele de verdade – em apenas 30 minutos.

Um dia, a película poderá revestir dispositivos e fios elétricos, reparando danos e gerando eletricidade. Porque é também sensível à pressão, pode permitir que uma prótese imite a forma como uma junta se dobra naturalmente.

Também pode servir de envoltório para robôs como um sensor sensível ao toque, permitindo que máquinas entendam quanta pressão aplicar quando detectar objetos diferentes – um telefone tocando versus um bebê chorando. Desde usos práticos a usos variados, Wang disse: “nós só queremos fazer algo que pode mudar o mundo.”

Invisibilidade

Les Todd, Duke University Photography
Les Todd, fotografia da Universidade de Duke

“Não era nossa intenção tornar as coisas invisíveis”, disse David Smith, professor de engenharia elétrica e computação da Universidade de Duke. “A ideia de fazer algo tão exótico e atraente como um manto invisível tornou-se de repente uma coisa real. Isso é o que estamos fazendo, só que com algumas ressalvas.”

Tudo começou em 2006, quando Smith começou a trabalhar com materiais de placa de circuito – essencialmente cobre sobre plástico. Ele e a estudante Nathan Landy foram capazes de fazer ondas curvarem em torno de um objeto e emergirem como se elas passassem por um espaço vazio.

Mas o que se esconde sob o “manto”, que se estende por apenas 41 centímetros, ainda pode ser visto por olhos humanos. É invisível apenas para ondas eletromagnéticas que transmitem sinais por meio de dispositivos como telefones celulares, laptops e televisões.

Isso significa que se o manto envolve um objeto que gerou interferência durante uma chamada telefônica ou programa de televisão, sua “invisibilidade” pode permitir uma compreensão mais clara. Ao curvar ondas acústicas e canalizá-las em torno de um submarino, a capa pode ocultar um submarino de um sonar. Ou poderia permitir que médicos encontrem pequenos tumores que a detecção ultrassônica muitas vezes não captura.

O que vem pela frente? “Estamos ansiosos para continuar a série e apresentar todos os tipos de temas inovadores, futuristas e geeky (técnicos)”, disse Larson. Estão usando a hashtag #WeTheGeeks no Twitter para obter novas ideias.