Em mercados globais, ajudar a economia local é bom negócio

Pessoas trabalhando em uma encosta (Cortesia: Westrock Coffee Co.)
Leokadia, agricultora de Ruanda, em uma estação de lavagem onde ela lava e seca seus grãos de café de alta qualidade a fim de vender para uma exportadora dos EUA (Cortesia: Westrock Coffee Co.)

Quando a Westrock Coffee Company, pequena empresa cafeeira do Arkansas, abriu uma exportadora em Ruanda, seu gerente recebeu telefonemas dos concorrentes dizendo que a Westrock estava pagando um preço muito alto aos agricultores pelos grãos de café.

“Passamos, então, a pagar mais ainda aos agricultores”, disse Todd Brogdon. “Nós queríamos mostrar que estávamos aqui para ter uma empresa lucrativa, mas não iríamos tirar vantagem dessas pessoas.”

A Westrock* ajuda os agricultores a produzir grãos da melhor qualidade para que eles possam cobrar preços altos. A empresa abriu estações de lavagens em vilarejos para que os agricultores entreguem os grãos “totalmente lavados”.

Hoje a Westrock compra grãos de 50 mil agricultores, detém 30% de fatia do mercado e exporta 4,5 milhões de quilos de café por ano de Ruanda e da Tanzânia. O enfoque da Westrock na África é o mesmo de várias empresas dos EUA ao investir no exterior: tentar obter lucro enquanto ajuda as comunidades locais.

Essas empresas muitas vezes recebem garantias de empréstimo e outros tipos de ajuda de agências do governo dos EUA para iniciar seus negócios em países em desenvolvimento. A Corporação para Investimentos Privados Internacionais (Opic) deu garantia de risco para a Westrock, cujo fundador, o executivo da indústria de telecomunicação Scott Ford, foi conselheiro do presidente de Ruanda, Paul Kagame, em questões de desenvolvimento.

Construindo pontes para países em desenvolvimento

A Acrow Bridge, empresa de Nova Jersey, vende pontes modulares e pré-fabricadas para 80 países, muitos com necessidades urgentes de infraestrutura. As garantias de empréstimo do Ex-Im Bank (Banco de Exportação e Importação dos EUA), permitiram que países em desenvolvimento conseguissem assegurar financiamento de bancos de investimento.

O Ex-Im Bank recentemente homenageou a Acrow* por estruturar um negócio de US$ 50 milhões que forneceu 55 pontes para Camarões. Antes, a Acrow assinou um acordo similar, de US$ 73 milhões, para fornecer 144 pontes para a Zâmbia.

Ponte modular em uma cidade rural (© Acrow Bridge)
Uma ponte da Acrow em uma cidade rural da República Democrática do Congo (© Acrow Bridge)

“Nossos concorrentes são da China e da Europa”, disse Paul Sullivan, um vice-presidente da Acrow. Ele disse que sua empresa tem uma vantagem porque oferece “treinamento extensivo para técnicos e engenheiros locais sobre como montar e instalar essas pontes”.

“Nós não entramos em mercados internacionais pensando: ‘Temos um grande produto e só vamos vendê-lo’”, disse Sullivan. “Estamos interessados em nos tornar parceiros integrais no desenvolvimento do plano de infraestrutura nacional.”

As pontes da Acrow ajudam locais que sofreram problemas inesperados. Elas são entregues em porções de 3 metros, podem ser montadas em poucos dias e duram até 75 anos, disse Sullivan. Guindastes e outros equipamentos de construção pesada não são necessários.

O Chile ainda está usando uma ponte Acrow de 1,4 quilômetro que foi instalada depois do terremoto de 2010. Quando o furacão Katrina destruiu pontes rodoviárias próximas a Nova Orleans em 2005, a Acrow forneceu pontes para atravessar o Lago Pontchartrain.

Porque a gestão é importante

Quando a Coca-Cola, que opera em 200 países, constrói estações de purificação de água a fim de obter água potável para suas próprias bebidas, ela geralmente recicla e limpa água suficiente para comunidades inteiras.

A Coca-Cola também desenvolveu uma parceria público-privada que colocou mais de 100 quiosques alimentados por energia solar, os chamados Ekocenters*, que fornecem não apenas água segura, mas também acesso à internet para vilarejos rurais na África e no Vietnã.

“É sempre um bom negócio ajudar as pessoas que são seus clientes”, disse Stephen Hayes, presidente do Conselho Corporativo para África*, que promove o comércio entre os EUA e a África.

“Quando mais países investem de maneira responsável na África, há mais empregos e prosperidade para todos nós”, disse o presidente Obama para a União Africana* em Adis Abeba, na Etiópia, em julho de 2015. As relações econômicas “não podem ser simplesmente sobre a construção de infraestrutura dos países com mão de obra estrangeira” ou a extração de recursos naturais.

* site em inglês