Em Orlando, uma comunidade se junta para um objetivo comum — com apoio de todos

Horas depois do tiroteio de 12 de junho que matou 49 pessoas e deixou outras dezenas feridas em uma boate gay de Orlando, pessoas de várias cidades dos EUA — e do mundo — procuravam maneiras de ajudar.

Os esforços de arrecadação de fundos para as famílias das vítimas e dos sobreviventes do tiroteio angariaram aproximadamente US$ 6 milhões, quase tudo através de uma campanha no GoFundMe*, que foi criada pelo grupo de direitos LGBT Equality Florida* e atraiu mais de 110 mil doadores em todo o mundo.

Tuíte: Graças a vocês, ultrapassamos a marca de US$ 40 mil em “gift cards” (cartões de presentes) para famílias que precisam. Ontem, nossa equipe viu… http://fb.me/7l8OZK6xG

Doações continuam inundando o Centro LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros) da Flórida Central, incluindo ofertas de passagens gratuitas feitas por empresas aéreas dos EUA para que familiares das vítimas possam ir aos funerais.

Em Nova York e na Califórnia, algumas das maiores estrelas da Broadway e de Hollywood se uniram para dar apoio. Chamado de “Broadway for Orlando”, o grupo gravou uma versão do sucesso “What the World Needs Now Is Love”, de 1965. Todo o dinheiro arrecadado com a canção será revertido para o Centro LGBT da Flórida Central.

Entre os artistas que fizeram parte da gravação estão Lin-Manuel Miranda, Sara Bareilles, Kristen Bell, Sean Hayes, Whoopi Goldberg, Idina Menzel e Wayne Brady.

https://www.youtube.com/watch?v=ACIqQpYhkBw

Enquanto isso, no Centro LGBT*, um grupo de voluntários se uniu a uma linha de produção de funcionários e encheu um caminhão com água doada para entregar em centros de doação de sangue e centros de gerenciamento de crises. Um segundo grupo separou outros itens doados.

Nicole Elinoff, funcionária experiente do centro LGBT, disse ao Washington Blade*: “Hoje, estamos em modo de crise, modo de negócios, fazendo o que precisa ser feito”. Trabalhando em conjunto com outras organizações, o centro LGBT disponibilizou um número de telefone de emergência e aconselhamento em tempos de crise nos idiomas inglês e espanhol, assim como serviços jurídicos e outros recursos.

Esse espírito cívico é evidente em toda a região de Orlando.

Bancos de sangue estão sobrecarregados, com filas de doadores na porta, inclusive um grande número de muçulmanos que moram na região — apesar de ser Ramadã, período em que os muçulmanos fazem jejum do amanhecer até o pôr do sol.

No Facebook, Mahmoud EIAwadi — “um orgulhoso muçulmano de Orlando” — postou uma foto* doando sangue em 12 de junho que logo se tornou viral. “Sim, eu doei sangue… assim como centenas de outros muçulmanos que doaram hoje aqui em Orlando”, escreveu ele.

Braço de uma mulher durante doação de sangue (© AP Images)
Uma mulher aperta uma bola antiestresse com as cores da bandeira americana enquanto doa sangue em Orlando (© AP Images)

ElAwadi contou ter visto voluntários, inclusive crianças e mulheres muçulmanas com lenços (hijabs) nas cabeças, trazendo comida e água para milhares de doadores de sangue — entre eles, veteranos de guerra idosos — esperando na fila sob o sol forte. “Sim, juntos nós vamos nos posicionar contra o ódio, o terrorismo, o extremismo e o racismo”, postou ElAwadi.

No Centro Médico Regional de Orlando, o médico Joseph Ibrahim — que lidera a unidade de trauma do hospital — trabalhou com afinco para curar os ferimentos dos sobreviventes do tiroteio, de acordo com o jornal The New York Times*. Filho de um imigrante muçulmano do Egito, Ibrahim elogiou a tolerância e a diversidade de Orlando, destacando que seus colegas do hospital têm laços com muitos países diferentes e alguns fazem parte da comunidade LGBT: “Nós trabalhamos lado a lado, sem perguntas”.

Saiba mais sobre os muçulmanos dos EUA que estão apoiando Orlando e por que os Estados Unidos apoiam os direitos LGBT.

* site em inglês