
A empreendedora mauritana Safietou Kane tinha apenas 23 anos, mas já possuía um diploma internacional em Administração de Empresas quando decidiu lançar seu próprio negócio em Tékane, cidade com 20 mil habitantes onde sua família tinha raízes.
Ela compra, processa e comercializa arroz de agricultores de Tékane. Quando começou, eles estavam tendo dificuldades porque o governo havia parado de comprar tudo o que produziam.

“Eu não queria que parassem de cultivar arroz na minha aldeia”, afirma Safietou, que distribui mensalmente 150 toneladas de arroz da Maaro Njawaan, empresa de agronegócio familiar que fundou. “É mais barato do que arroz importado e de melhor qualidade porque é fresco e não tem produtos químicos.”
Ela se beneficia do Programa de Empreendedorismo das Mulheres Africanas (Awep), que leva mulheres de mais de vinte países aos Estados Unidos no terceiro trimestre de cada ano em um projeto do Programa de Visitantes de Lideranças Internacionais (IVLP)* para a realização de workshops e reuniões com especialistas em negócios que têm know-how em empresas em crescimento.
É uma das muitas oportunidades fornecidas nos termos da Lei de Crescimento e Oportunidades para a África (Agoa), que facilita o comércio entre os Estados Unidos e os países subsaarianos.
Manter-se em boa companhia
Safietou contou com a ajuda de Christy Shakuyungwa, que, em um boot camp (acampamento para fins de treinamento intensivo) organizado pela Embaixada dos EUA na Namíbia, ganhou o prêmio de melhor ideia empresarial. Ela apresentou seu plano para vender bonecas com características e trajes representando os 13 grupos étnicos do país. (As bonecas que ela faz são semelhantes às bonecas Ntomb’entle, ou “lindas meninas”, vendidas na África do Sul.)
Christy chama sua empresa de Taati & Friends e aspira algum dia vender bonecas com características e trajes típicos de cada país africano.
As candidatas a Miss Universo e a Miss Mundo de Botsuana usaram vestidos inspirados no estilo africano de GofaModimo Sithole. A fundadora da Ten Talents Ltd. também vestiu o presidente Ian Khama e seu gabinete para a celebração do quinquagésimo aniversário da independência. Ela participou do programa para empresárias africanas nos Estados Unidos.
“Eu sabia desde muito jovem que queria ser a minha própria chefe — e ter mais dinheiro”, diz ela.

Zemen Tefera, cujas bolsas de luxo são vendidas em hotéis cinco estrelas em Adis Abeba, também participou do programa. O proprietário da empresa de artigos de couro Amour Leather Goods tem diploma de mestrado em Engenharia de Software, mas “a moda é o que faz me sentir vivo. Alguns dizem que sou louco, mas estou tentando mostrar a todos que estou à altura para esse empreendimento”.
Trabalhar duro para ter êxito
Em Burkina Fasso, a Associação Wendingoudi, de Wendinda Delphine, emprega 30 mulheres para tecer e tingir tecidos vendidos em uma loja de artesanato.
“Eu comecei a tecer aos sete anos de idade. Tinha de voltar da escola ao meio dia para preparar o fio para minha mãe para que ela pudesse alimentar a mim e a minhas irmãs e pagar nossas taxas escolares”, afirma Wendinda. “Ela me ensinou que a vida não é fácil. É preciso trabalhar duro. Eu quero ajudar outras mulheres a pagar a matrícula de seus filhos.”

Rama Diaw, de Dakar, no Senegal, vende seus elegantes vestidos na França e na Alemanha. Mesmo quando menina, “eu sempre visitava os alfaiates, fazia perguntas e pensava em coisas que eu poderia fazer de forma um pouco diferente”.
“Aos 15 ou 16 anos, você não sabe realmente o que a palavra ‘empreendedor’ significa, mas eu queria trabalhar para mim mesma”, afirma Rama.
Embora as mulheres possuam uma pequena parcela da riqueza mundial, as embaixadas americanas oferecem muitas atividades para estimular mulheres a abrir pequenas e médias empresas.
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