Quase três quartos dos americanos adultos já presenciaram assédio na internet, e 40% foram vítimas de mau comportamento on-line — desde xingamentos a ameaças físicas, a perseguições, segundo o Centro de Pesquisa Pew*.
Os “trolls” podem ser os maiores culpados. O jornal The Guardian define o “troll” (que outrora era conhecido como uma criatura mitológica solitária) como uma pessoa “que busca persistentemente sabotar conversas racionais por meio de abuso grosseiro, provocação, prepotência ou mesmo ameaça de violência”.
Comentários on-line agressivos e destrutivos podem mudar a interpretação de um leitor a respeito de uma reportagem inteira, revela um grupo de pesquisadores*. Então, como você deve se comportar na internet, especialmente se gosta de mídias sociais, tem seu próprio site ou trabalhar em jornalismo?
Desative a seção de comentários
Você pode vetar todos os comentários em algumas mídias sociais, tais como Facebook, VKontacte* e YouTube*. Ou pode aumentar suas definições de privacidade para que apenas pessoas de sua confiança possam segui-lo e fazer comentários — tanto nos sites citados acima como no Twitter*, em sites de compartilhamento de fotos como o Instagram* e outros.
Após uma torrente de comentários desagradáveis, algumas publicações on-line optaram por encerrar suas seções de comentários. O site Popular Science decidiu fazer isso em 2013, explicando que “o trabalho cínico de minar os alicerces da doutrina científica está sendo feito agora sob nossas próprias matérias”, disse a diretora de conteúdo on-line da revista, Suzanne LeBarre*.
O National Journal* também desistiu de manter os comentários em seu site, afirmando que, em vez de devotar esforço e tempo ao monitoramento de comentários, “nós preferimos colocar nossos recursos no jornalismo”. The Daily Beast* desativou os comentários em matérias muito polêmicas. Novos meios de comunicação, como o Vox*, começou a publicar sem o espaço para comentários e seguem com essa tendência até hoje.
Proibir comentários pode, na verdade, aumentar o engajamento do leitor e o tráfego* nos sites, informa um especialista em análise digital na revista The Atlantic.
Crie uma política e modere os comentários
Outras publicações monitoram suas seções de comentários e dão aos usuários instruções claras sobre que tipo de comentários são bem-vindos. O código de conduta do Huffington Post diz que “todos os tipos de grosseria, insultos, ódio, hostilidade ou negatividade poderão ser eliminados e você poderá perder sua capacidade de comentar”.
O jornal The New York Times lista “algumas coisas que não toleraremos*”, inclusive ataques pessoais, obscenidades, usurpação de identidade e palavrões e “GRITOS”.
O The Guardian incentiva os usuários a ajudar na moderação dos comentários com um botão “Denuncie abuso”. O Washington Post tem um botão “Ignorar”* para que os leitores possam se privar de ver comentários de um usuário em particular.
Indo mais além, algumas publicações, como Miami Herald*, exigem que seus leitores se cadastrem com suas contas de redes sociais para que possam comentar, tirando o véu do anonimato que pode alimentar mensagens desagradáveis.
Ignore os “trolls”
Outra abordagem é simplesmente esnobar os trolls.
“Os ‘trolls’ querem atenção. Querem que você fique com raiva, frustrado ou desconfortável”, escreve o empreendedor John Rampton na Forbes. “Não importa o quão difícil possa ser, mas simplesmente ignorar um “troll” pode [ser] sua melhor tática porque, quando não têm uma resposta, eles provavelmente vão embora.”
De acordo com o estudo do Centro de Pesquisa Pew (site em inglês), 60% dos entrevistados preferiram ignorar a perseguição on-line.
Envolva os “trolls”
Alguns jornalistas retrucam. Alguns fazem isso com humor ou fazem isso com fatos. Uma jornalista publicou uma matéria sobre um “troll” que não apenas tuitou algo cruel, mas fez isso depois de criar uma conta no Twitter com o nome e a foto do pai dela, que já era falecido.
“Eu escrevi um post triste, sincero e raivoso sobre o quanto aquilo me machucou e o quanto aquele “troll” foi bem-sucedido”, contou Lindy West no podcast This American Life *. O “troll” pediu desculpas, doou dinheiro para o centro médico onde o pai da jornalista tinha sido tratado e falou com ela no telefone por duas horas. Ele mostrou como sua própria infelicidade e insegurança o levaram a persegui-la.
“Os seres humanos podem ser atingidos”, disse ela. “Eu tenho a prova.”
* site em inglês