Você quer ajudar a humanidade a explorar o cosmos? Fazer avançar o nosso conhecimento em biologia ou ciência do cérebro? E por que não a física quântica ou a nanotecnologia? Então pegue o seu Playstation e mãos à obra! Ao jogar videogames on-line focados em ciência, os neurocientistas estão intensificando as pesquisas em todos esses campos e muito mais.
Os pesquisadores aproveitam a capacidade intelectual coletiva ao projetar desafios de videogames relacionados a questões científicas. Por exemplo, o jogo de descobertas científicas Nanocrafter* pede aos jogadores para ligar os filamentos de DNA, um material genético codificado, para construir moléculas. O jogo de pesquisas de Física Quantum Moves* direciona os jogadores a encontrar maneiras de manipular e mover os átomos. Com sua intuição e sacadas, os jogadores podem, às vezes, encontrar soluções rápidas e criativas que os computadores não seriam capazes de identificar.
Os jogos baseados em ciência têm todos os atributos de videogames tradicionais — gráficos atraentes, desafios emocionantes, recompensas e ranking das melhores classificações. Mas eles oferecem algo que não se encontra em jogos tradicionais: acesso a cientistas proeminentes e a oportunidade de promover a ciência.
Os melhores jogadores são listados como coautores em artigos científicos, e alguns podem escolher os nomes dados às suas descobertas. Os jogadores do EteRNA* projetam moléculas de ácido ribonucleico, que são encontradas no núcleo de cada célula. Os melhores designs são selecionados pela comunidade de jogadores de videogames e sintetizados em um laboratório da Universidade de Stanford.
Alguns jogadores on-line têm menos interesse em ciência, mas gostam dos desafios. Uma meia dúzia de jogos lançados até agora atraiu centenas de milhares de jogadores que têm pouco ou nenhum conhecimento sobre ciência. Mas eles podem aprender as noções básicas de pesquisa relacionada a jogos à medida que progridem.
Resultados
Nem todas as soluções propostas funcionam, mas algumas certamente abrem caminhos promissores para a realização de pesquisas.
- Jogadores que competem para resolver quebra-cabeças 3D propostos pelo site Foldit* decifraram a estrutura de uma proteína que os cientistas estavam em busca há mais de uma década. Isso ajudou a identificar alvos para medicamentos contra o HIV.
- EyeWirers* mapeou cerca de 700 neurônios na retina de um rato de laboratório. Isso ajuda os pesquisadores a entender como os neurônios se conectam a fim de processar informações.
- Com base nos melhores designs do jogo EteRNA, os pesquisadores esperam desenvolver um kit de ferramentas para explorar novos caminhos relacionados à nanoengenharia.
- Os nanodispositivos produzidos pela Nanocrafters podem ajudar a produzir medicamentos que cuidam diretamente de células doentes.
Os cientistas ainda estão testando as possibilidades da gamificação, também conhecida como ludificação. O termo advém do original em inglês gamification e consiste em usar técnicas, estratégias e o design de games em outros contextos que não sejam esses próprios games. Porém, especialistas como Seth Cooper da Universidade de Washington, cocriador do Foldit, acredita que a gamificação seja “o futuro da descoberta científica”.
* site em inglês
