“Eu ainda estou esperando para ficar entediada”, afirma Alice Bowman. Com o emprego que possui, ela terá de esperar um longo tempo.
Alice chefia a equipe da Nasa que guia a New Horizons, primeira espaçonave a conseguir observar o planeta anão Plutão e suas luas. Alice é quem pilota, mas seu veículo se move a 50 mil quilômetros por hora. É tão longe que, mesmo à velocidade da luz, as instruções do software da equipe levam quatro horas e meia para chegar à nave espacial.
Simplesmente manter a New Horizons em curso não é suficiente. Alice Bowman e sua equipe devem definir uma trajetória que permita que a espaçonave faça observações solicitadas por cientistas. A partir de dezembro de 2014, quando a equipe acordou a Hew Horizons da hibernação, eles trabalharam arduamente para coreografar sua aproximação final até Plutão.

As primeiras imagens de Plutão “nos mantiveram empolgados”, disse Alice. “Os cientistas ficaram impressionados com as variações do terreno* (…) [as] diferentes camadas da atmosfera de Plutão*.”
Os cientistas já identificaram possíveis vulcões de gelo e outros indícios de uma geologia ativa, até mesmo luas ao redor de Plutão que se comportam como piões.
“A missão da New Horizons tomou o que pensávamos que sabíamos sobre Plutão e virou de cabeça para baixo”, afirmou Jim Green, diretor de Ciência Planetária na Nasa.
Cientistas, estudantes e sonhadores vão se debruçar sobre essas descobertas surpreendentes* durante as próximas décadas e poderão aprender muito sobre como os diferentes planetas se formaram, inclusive o nosso.
Uma inspiração precoce a acompanhará
Alice se surpreendeu quando entrevistadores ressaltaram que sua equipe incluía mais mulheres do que as missões anteriores da Nasa. “Meu foco reside na contratação de pessoas que são as melhores em suas áreas”, afirmou. “Foi apenas uma casualidade o fato de que quase metade era composta de mulheres.”
E como Alice começou sua trajetória? O programa espacial dos EUA a inspirou. Assim como programas de TV como Jornada nas Estrelas. Ela sempre quis ser exploradora e achava que tudo era possível. Não chegou a se tornar astronauta, mas sabe pilotar uma nave espacial, mesmo que seja a mais de 5 bilhões de quilômetros de distância.
“Se você se agarrar a uma inspiração antiga”, diz ela, “isso o ajudará a enfrentar a situação”.
Alice acrescenta que a New Horizon deve continuar enviando dados científicos até a década de 2030, dando tempo de sobra para uma atualização das habilidades de codificação* ou para acompanhar a missão através da hashtag #PlutoFlyby*.
Por agora, a New Horizons vai se distanciar ainda mais da Terra. Com sorte, em 2019 a nave vai nos permitir observar de perto o Cinturão de Kuiper, região além de Netuno que deve englobar muitos asteroides, cometas e outros resíduos gelados da formação do sistema solar.
Mais descobertas estão por vir*.
* site em inglês
