Estados Unidos deportam nazista para a Alemanha

Em 21 de agosto, o governo americano encerrou o caso sobre um dos últimos nazistas sobreviventes nos Estados Unidos, deportando-o para a Alemanha.

O destino de Jakiw Palij, 95, polonês de nascença, colaborador e guarda de prisão nazista, residente do distrito de Queens em Nova York, tem sido o assunto de um impasse internacional há anos, já que nenhum país quis aceitar sua transferência.

Isso mudou depois que o presidente Trump tornou o caso de Palij uma prioridade. Após “extensas negociações”, a Alemanha concordou em aceitar sua deportação, informou a Casa Branca em uma declaração. E informou também que a deportação promove “os esforços cooperativos dos Estados Unidos com um importante aliado europeu.”

“Os Estados Unidos expressam seu profundo apreço pela República Federal da Alemanha por receber o ex-guarda de campo de trabalho escravo nazista Jakiw Palij”, afirmou Heather Nauert, porta-voz do Departamento de Estado.

O embaixador dos EUA Richard Grenell, que ajudou a negociar o acordo com a Alemanha, declarou através do Twitter: “Nosso presidente está focado em proteger as promessas de liberdade e o Estado de Direito.”

Nenhum refúgio para nazistas

Foto preto e branca de quatro funcionários do Serviço Secreto (Depto. de Justiça)
Funcionários nazistas circulam pelo campo de Trawniki em julho de 1942 (Depto. de Justiça)

Palij chegou aos Estados Unidos em 1949, mentindo para funcionários de imigração sobre seu passado nazista. Ele foi aceito nos Estados Unidos conforme previsto na Lei de Pessoas Deslocadas, que permitiu a entrada de refugiados europeus após a guerra, e finalmente se tornou cidadão americano em 1957.

Mas o Departamento de Justiça dos EUA expôs a mentira de Palij e o confrontou. Em 2001, Palij admitiu que foi treinado no Campo de Treinamento Nazista do Serviço Secreto em Trawniki, na Polônia ocupada pela Alemanha, e que atuou como guarda no campo de trabalho escravo de Trawniki, nas redondezas. Nesse campo, 6 mil prisioneiros judeus foram executados em 1943 em um dos maiores assassinatos em massa no Holocausto.

Foto em preto e branco de grande grupo de judeus trajando casacos de inverno do lado de fora (Depto. de Justiça)
Judeus no campo de trabalho de Trawniki, provavelmente quando chegaram de Varsóvia em abril de 1943 (Depto. de Justiça)

“Os Estados Unidos jamais serão um refúgio para aqueles que participaram em atrocidades, crimes de guerra e violações dos direitos humanos”, declarou o procurador-geral, Jeff Sessions.

Em 2003, um juiz federal despojou Palij de sua cidadania por mentir para funcionários da imigração, e em 2004 um juiz ordenou sua deportação. (Nos termos da legislação dos EUA, Palij não pode ser processado por seus crimes de guerra nos Estados Unidos porque nem Palij nem suas vítimas eram cidadãos dos EUA no momento em que os crimes foram cometidos, e os crimes aconteceram fora dos Estados Unidos.)

“Os Estados Unidos não vão tolerar aqueles que facilitaram crimes nazistas e outras violações dos direitos humanos, e [esses indivíduos] não vão encontrar refúgio em território americano”, informou a Casa Branca em uma declaração.